Ilíada - Cap. 21: Capítulo 21 Pág. 110 / 178

Quando Sarpedão viu os seus companheiros mortos por Pátroclo e os outros em fuga desordenada, censurou-os acerbamento:

— Que vergonha, ó lícios! Para onde fugis com tal pressa? Vede que eu mesmo vou enfrentar o chefe inimigo, pois quero conhecer de perto o triunfador que tantos males está a causar aos troianos!

Falou e saltou do carro com as suas armas. Pátroclo, que o ouvira, saltou também e atiraram-se um contra o outro, como se atacam aos gritos, no alto do rochedo, dois corvos de bicos recurvos e garras afiadas. O primeiro a atacar foi Sarpedão. Arremessou uma após outra duas lanças, uma das quais matou um dos cavalos de Aquiles, o único que eta mortal. A outra passou a voar sobre o ombro esquerdo de Pátroclo e não o atingiu. Sem tirubear, Pátroclo respondeu ao golpe e a sua lança foi direita ao coração do adversário. Nos últimos estertores, Sarpedão chamou pelo companheiro:

— Glauco, meu amigo, toma o meu lugar no comando dos lícios. Incita-os à guerra e à vingança. Serei um eterno motivo de desonra para ti se consentires que o inimigo me despoje das minhas armas. Exorta e reanima os guerreiros e eles te obedecerão!

Assim falando, soltou o herói o último suspiro. Glauco sentiu uma de imensa pela perda do amigo e lamentou ser incapaz de lhe prestar ajuda pá causa de estar ferido num dos braços. Dirigiu, então, uma ardente súplica Apolo, para que o curasse do ferimento, permitindo-lhe assumir assim o comando dos lícios e livrar da profanação o cadáver do amigo.

Atendido pelo deus, que prontamente o curou, infundindo-lhe no Corpo e na alma grande vigor, Glauco exortou os companheiros a lutar a lado do corpo de Sarpedão e, indo à procura de Heitor, disse-lhe:





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