Ilíada - Cap. 24: Capítulo 24 Pág. 122 / 178

Então, a deusa de pés prateados censurou-o:

—Meu filho, não fales assim! Não sabes que o teu destino está ligado ao de Heitor e que, depois da morte dele, seguir-se-á a tua?

Entre soluços, Aquiles retrucou:

— Pois que eu morra, minha mãe, já que não pude defender o meu querido companheiro! Eu, o mais valente, o mais forte de todos os helenos, não pude impedir a morte do meu melhor amigo! Maldita seja a cólera que semeia a discórdia entre os homens, como entre mim e Agamémnon! Mas o que passou não deve ser relembrado. Irei agora ao encontro de Heitor e pouco me importa se o meu destino é morrer logo a seguir a ele. Ninguém escapa ao seu destino, nem mesmo os próprios deuses. Portanto, minha mãe, não procures dissuadir-me de entrar no combate, pois já me decidi a esse respeito.

Tétis, então, respondeu-lhe:

— Está certo, meu filho, que vingues a morte do teu companheiro e livres os gregos da derrota final. Mas não podes combater sem armas e elas estão em poder de Heitor. Espera até amanhã e novas armas te trarei; armas ainda mais belas e poderosas, fabricadas especialmente por Vulcano.

Dizendo isto, Tétis retirou-se e subiu rápida ao Olimpo, impaciente por mandar preparar com presteza novas armas para o seu filho.

Entretanto, no campo de batalha, os gregos fugiam diante de Heitor. Nem os dois Ájax aguentavam mais a defesa e, sem dúvida, o chefe troiano teria arrebatado o cadáver de Pátroclo se a mensageira Íris não tivesse chegado à tenda de Aquiles com esta mensagem de Juno:

— Levanta-te, valente filho de Peleu, e corre em defesa do cadáver de Pátroclo, em torno do qual se trucidam muitos guerreiros. Esforça-se Heitor, mais que todos, por arrebatar o corpo, pois o seu intento é cortar-lhe a cabeça e espetá-la num poste. Não podes permitir que aquele que foi o teu maior amigo sofra tal ultraje.





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