Não tardou muito que os dois exércitos se confrontassem no campo de batalha. Entrechocaram-se escudos e espadas, cruzaram-se lanças e começou a batalha. Lá dos píncaros do Ida, Júpiter pesou a sorte dos combatentes e a balança pendeu para o lado dos troianos. Nessa altura, o plenipotente senhor do Olimpo enviou sobre as tropas gregas um poderoso raio que as fez tremer de pavor.
Nem Idomeneu se conservou no seu posto. O próprio Agamémnon recuou, acompanhado pelos dois Ájax. Só o velho Nestor se manteve no seu lugar e, mesmo assim, involuntariamente. Páris tinha morto um dos seus cavalos e o carro mantinha-se, portanto, imóvel. Tentava, desesperadamente, cortar as correios que prendiam o cavalo morto, a ver se conseguia fugir dali com o que ainda lhe restava. E teria sido apanhado nesses preparos pelo bravo Heitor, não fora Diomedes ter vindo em seu auxílio. De passagem, chamara Ulisses que corria em direcção aos navios:
— Ó nobre filho de Laerte, para onde foges tu, no ardor do combate, como um vulgar cobarde? Cuidado, não vá o inimigo ferir-te pelas costas! Vem comigo defender o velho Nestor das mãos do mais perigoso dos adversários.
Mas Ulisses nem o ouviu, pois já estava longe, a aproximar-se dos navios. Sozinho, Diomedes meteu-se entre os combatentes mais avançados e parou junto dos cavalos do velho, a quem dirigiu estas prudentes palavras:
— Meu velho amigo, estás demasiado alquebrado para enfrentares tais guerreiros. Anda, salta para o meu carro e verás como são ligeiros os cavalos que roubei a Eneias. Deixa os animais ao cuidado dos teus camaradas e lancemo-nos no encalço de Heitor, para que ele fique a saber quanto vale a minha lança.