Quando os guardas viram Ásio e os seus companheiros a avançar, aprontaram as lanças e fizeram-lhe frente. Enquanto isso, os outros, do alto das muralhas, lançavam enorme pedras sobre os troianos. As pedras caiam como flocos de neve num dia dá Inverno e os capacetes ressoavam com as pancadas. Eram muitos os guerreiros que tombavam e Ásio, apesar de toda a sua fúria, não conseguiu avançar.
Heitor, com as suas aguerridas tropas, continuava a investir. Mas, til súbito, avistou-se nos céus uma águia, que adejava sobre as suas cabeças levando uma serpente nas garras. O réptil levantou a cabeça e mordeu a aí no peito. Contorcendo-se de dor, a águia afrouxou as garras e deixou cai a serpente no meio do exército. Soltou, depois, um grito estridente e sumiu -se nas alturas.
Todos estremeceram à vista do mau presságio e Polidamas disse a Heitor:
— Heitor, parece-me que Júpiter não quer que avancemos contra o navios helénicos. Esta águia representa os troianos e a serpente os gregos E assim como a serpente, apesar de lacerada, ainda conseguiu morder a águi e salvar-se, assim também nós, que até agora temos tido mais valor, seremos rechaçados pelo inimigo e sofreremos perdas irreparáveis.
Mas Heitor encolerizou-se com estas palavras:
— Oh! Profeta da má sorte! Com certeza que os deuses te fizeram perder o juízo. Queres, então, que eu despreze os desígnios e as ordens d Júpiter? Ordenou-me ele que perseguisse os gregos até aos belos navio e prometeu que a vitória seria minha e tu pretendes que eu fuja, só porque uma ave sobrevoou as nossas cabeças? Que me importam os augúrios? Só um me interessa: o que me ordena que defenda a cidade. Por isso, tom cuidado. Se tentares fugir ou instigar os outros à fuga, terei que tirar-te a vida com a minha lança.