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Capítulo 12: XII

Página 138

Estas injustiças sociais principiavam já a inocular no ânimo leal e sincero de Clemente o cepticismo a respeito dos homens e a prepará-lo talvez para vir a ser uma autoridade menos irritável e da mais condescendente consciência; e, por consequência, mais ao agrado dos homens, não sei se diga práticos ou corruptos, que clamam contra a absoluta inflexibilidade dos princípios.

Achava-se o bom Clemente naquela desconsoladora fase de transição em que o funcionário novel principia a sentir que o deixa o ideal que concebera da sua identidade civil e que vai descendo pelo escorregadio pendor das condescendências mundanas para o nível onde redemoinham as turbas, que ao princípio fitara sobranceiro, de toda a altura da sua dignidade moral.

Triste época de desilusão e de desencantamento essa!

Clemente votava sincera afeição aos rapazes da Casa Mourisca, e sobretudo a Jorge, a quem cedera o seio de sua mãe.

Jorge nunca lhe dava motivo de colisão entre os seus deveres de regedor e os impulsos de seu coração.

Já não assim Maurício, que não era de todo inocente de certas infracções da lei e de desprezo pelo código administrativo, com que não poucos sonos tinha afugentado ao honrado rapaz.

Clemente desculpava Maurício, dizendo que eram as más companhias que o levavam àquilo, mas prometia não ceder a considerações se o encontrasse em flagrante.

Fosse porém acaso, fosse quase insciente propósito de amizade em não querer ver, é certo que nunca tal contigência se deu. Apenas por vagas denúncias lhe constava ter Maurício uma ou outra vez quebrado o defeso da caça, tomado parte em alguma rixa nocturna, quase sempre em companhia de seus primos, os fidalgos do Cruzeiro.

Estes, sim, estes eram os mais rebelões daqueles arredores.

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pág. 138 (Capítulo 12)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 138

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515