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Capítulo 12: XII

Página 139
Com eles era que as mais das vezes tinham lugar sérios conflitos, em que os cabos de Clemente nem sempre eram tratados com o respeito que para eles a farda pedia.

Os fidalgos do Cruzeiro viviam ainda à moda antiga, como senhores feudais da terra, desconhecendo direitos de propriedade e calcando aos pés dos seus cavalos todos os códigos com que tentassem conter-lhes os ímpetos nobiliários.

Eram três estes nobres senhores.

Um, morgado e... morgado às direitas; outro, doutor... por ter andado dez anos em Coimbra para deixar incompleto um curso de cinco; o terceiro, abade, escorraçado pelo povo de uma freguesia que fora mandado paroquiar; ligavam-se todos três, em temível triunvirato, para invadirem as propriedades, esgotarem as tabernas, insultarem as mulheres e espancarem os homens daqueles sítios.

O povo, ou por hábito legado de submissão, os deixava à vontade, contentando-se com praguejá-los pela calada, desforço dos oprimidos em todas as épocas da história da humanidade, ou, exasperado e descrendo da eficácia da lei, recorria à defesa própria, e procurava manter em respeito esses turbulentos vadios, que mais de uma vez saíram malferidos da refrega.

Jorge afastara-se cada vez mais da companhia dos primos, cujos asselvajados hábitos lhe repugnavam; Maurício frequentava-os ainda, e era de facto a companhia deles que às vezes o impelia a passos repreensíveis.

Clemente vinha agitado quando entrou em casa aquela manhã. Era evidente que o regedor os tinha encontrado em uma das colisões a que a vida pública o sujeitava.

A mãe, logo que lhe lançou os olhos ao rosto contraído e levemente purpureado, conheceu que tinha havido novidade e interpelou-o:

- Que tiveste tu lá por fora, Clemente? Essa cara não é de quem vem satisfeito com a sua vida.

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pág. 139 (Capítulo 12)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 139

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515