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Capítulo 12: XII

Página 141
Sabes que mais, meu filho? Deixa-os lá e não te consumas com isso. Olh'agora!

Estas eram as máximas que o cepticismo inspirava já a Ana do Vedor.

Clemente encolheu os ombros.

- Ou hei-de ser regedor ou não hei-de ser. Por isso é que eu digo que vou pedir a demissão. Para injustiças é que eu não sirvo. Não quero que se diga que, quando um pobre homem faz alguma coisa, já tudo são pressas para o prender e castigar, e lá porque uns senhores... Senhores? Melhor tratassem de pagar o que devem a meio mundo, e não andassem por aí a fazer o que fazem.

- Vamos, Clemente, perdoa-lhes as rapaziadas, porque afinal eles são teus amigos - interveio Maurício.

- Amigos eles?! Muito agradecido; mas nem acredito na tal amizade, nem também a desejo; isto é para dizer o que é verdade.

Interromperam-no neste ponto duas vigorosas vozes masculinas, que bradavam da rua:

- Maurício! Ó Maurício! Que diabo fazes tu aí dentro, com o cavalo preso à porta? Eh!

- Tu também pões mão na fornada?

- Parece-me mais certo que ponha mão nas forneiras.

A ti'Ana foi a primeira que tomou a palavra:

- Falai no ruim... São os do Cruzeiro.

E, chegando ao limiar da porta, exclamou com os seus modos desempenados:

- Que é lá, que é, meus fidalguinhos? Que temos nós que dizer das forneiras? Em minha casa não há monte para caçadas de galgos como vossemecês. Entendem? Deixem sossegado o Maurício, que já não pouco mal lhe têm feito com os seus conselhos e companhia.

Maurício apareceu aos primos, rindo do sermão da Ana.

Clemente permanecia carrancudo no fundo da cozinha.

Os primos do Cruzeiro, o doutor e o abade, vestiam à maneira do campo, de jaqueta de alamares, faixa vermelha à cinta, chapéu de abas largas, de espingarda ao ombro, cães em redor, e as vítimas das suas façanhas venatórias pendentes ao tiracolo, como troféus de combate.

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pág. 141 (Capítulo 12)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 141

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515