Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 17: XVII Pág. 220 / 519

das raparigas, por intermédio dos colóquios de alguns namorados, e dentro em pouco viu-as olharem também para Jorge com certa estranheza, e cochicharem e rirem umas com as outras, quando livres da observação dele.

A misteriosa confidência passava de lábios para ouvidos com rapidez tal, que momentos depois estava nas vizinhanças de Gabriela.

Não pôde a curiosidade desta tardar mais tempo em informar-se do que assim agitava a sociedade moça, e que até já havia deixado estupefacta mais de uma respeitável matrona que por acaso fora partícipe do segredo.

- O que é que se diz por aí, priminha? - perguntou a baronesa à rapariga mais próxima. - Corre decerto alguma notícia estranha, porque as vejo todas em alvoroço.

- E com razão. Então não sabe? O primo Jorge tem um namoro!

- E o caso é para tais espantos?

- Pudera não! Então não conhece o primo Jorge, já vejo. Ainda não houve quem lhe merecesse um cumprimento que não fosse de simples cerimónia. Todos iriam jurar que era impossível que ele gostasse de alguém. E vejam lá!

- É porque pertence à espécie rara dos que amam só uma vez e dos que amam de maneira tal que não podem sem remorsos amar por passatempo.

- Pois será. Mas vejam aonde ele foi cair!

- Então quem é ela?

- A Berta. A filha do Tomé!

- Fico na mesma, priminha.

- Não conhece o Tomé? O Tomé da Herdade. Um lavrador que foi criado do tio Luís e que está hoje rico.

- Ah! bem sei; então é uma rapariga do campo.

- Envernizada na cidade, onde o pateta do pai a mandou educar. Chegou há dias a casa.

- E Jorge conhecia-a?

- Em criança, sim. Depois julgo que se não viram senão agora.

- E quem descobriu essa paixão?

- Viram-no sair umas poucas noites de casa dela.

- Jorge?!

- É verdade.





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