das raparigas, por intermédio dos colóquios de alguns namorados, e dentro em pouco viu-as olharem também para Jorge com certa estranheza, e cochicharem e rirem umas com as outras, quando livres da observação dele.
A misteriosa confidência passava de lábios para ouvidos com rapidez tal, que momentos depois estava nas vizinhanças de Gabriela.
Não pôde a curiosidade desta tardar mais tempo em informar-se do que assim agitava a sociedade moça, e que até já havia deixado estupefacta mais de uma respeitável matrona que por acaso fora partícipe do segredo.
- O que é que se diz por aí, priminha? - perguntou a baronesa à rapariga mais próxima. - Corre decerto alguma notícia estranha, porque as vejo todas em alvoroço.
- E com razão. Então não sabe? O primo Jorge tem um namoro!
- E o caso é para tais espantos?
- Pudera não! Então não conhece o primo Jorge, já vejo. Ainda não houve quem lhe merecesse um cumprimento que não fosse de simples cerimónia. Todos iriam jurar que era impossível que ele gostasse de alguém. E vejam lá!
- É porque pertence à espécie rara dos que amam só uma vez e dos que amam de maneira tal que não podem sem remorsos amar por passatempo.
- Pois será. Mas vejam aonde ele foi cair!
- Então quem é ela?
- A Berta. A filha do Tomé!
- Fico na mesma, priminha.
- Não conhece o Tomé? O Tomé da Herdade. Um lavrador que foi criado do tio Luís e que está hoje rico.
- Ah! bem sei; então é uma rapariga do campo.
- Envernizada na cidade, onde o pateta do pai a mandou educar. Chegou há dias a casa.
- E Jorge conhecia-a?
- Em criança, sim. Depois julgo que se não viram senão agora.
- E quem descobriu essa paixão?
- Viram-no sair umas poucas noites de casa dela.
- Jorge?!
- É verdade.