Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 18: XVIII

Página 240
Por isso calou-se, o que aumentou o mau humor que já trazia acumulado.

- A casa do Tomé da Póvoa! - resmungava ele. - O homem está doido! Ora isto! E eu a aturá-lo! O que me estava reservado!

A intenção com que o fidalgo demandava a casa do fazendeiro era um mistério indecifrável para o espírito do procurador.

Tinham descido a encosta a meio da qual se erguia a Casa Mourisca. Aproximavam-se da ponte que atrevessava o vale. A tarde ia no fim. Era já a claridade do crepúsculo que iluminava a paisagem. A azáfama do trabalho acalmara. Nos marcos dos campos, à soleira das portas e nos parapeitos das pontes repousavam finalmente os lavradores das fadigas do dia. O gado caminhava para as presas, conduzido por crianças de seis e sete anos.

Nos arvoredos ouvia-se um cantar de aves, tímido como ele é ao aproximar do Outono e ao aproximar da noite. Era tal a serenidade da tarde, que se percebia o sino duma freguesia distante dobrando a finados.

A suave melancolia daquela hora influiu no ânimo de D. Luís. Que densidade de tristeza a que pousou naquele coração! Saudades, mas saudades escuras de velhice, saudades de quem não tem futuro, era o que havia naquela alma. Com o passado tinham-lhe ido todos os objectos das suas crenças, do seu amor, das suas afeições. Já não era capaz de entusiasmo, e os olhos em que o entusiasmo não influi vêem tristemente coloridas todas as cenas da vida. Ao desencantamento do presente juntavam-se as apreensões pelo futuro a entenebrecer-lhe o espírito. Era deveras infeliz aquele velho!

Depois da ponte seguiu-se a colina, onde prosperava a Herdade de Tomé. D. Luís reuniu alento para subi-la.

O padre aventurou outra observação:

- Sr. D. Luís, eu não atino com as razões que trazem V. Ex.ª aqui, mas não vejo que possa resultar bem algum de semelhante visita.

<< Página Anterior

pág. 240 (Capítulo 18)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 240

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515