Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 19: XIX

Página 248
A paixão ensurdecia ainda muito D. Luís, para que lhe fosse possível escutar conselhos.

Na manhã imediata à noite da instalação solene da família de D. Luís na casa dos Bacelos, Gabriela foi procurar Jorge ao pavilhão no fundo da quinta, onde ele desde a véspera se alojara, longe dos olhares paternos.

A baronesa tinha sabido de frei Januário tudo o que se passara entre D. Luís e Berta à porta da quinta de Tomé, e desejava falar nisto ao primo.

Jorge recebeu-a com umas aparências de serenidade que não eram de todo sinceras.

- E meu pai? - foi a primeira pergunta de Jorge, depois das palavras de cumprimento.

- Um pouco menos afrontado, depois que realizou uma ideia cavalheirosa e vindicou, como entendeu, a sua dignidade aristocrática.

- Pois que fez ele?

- Foi entregar pessoalmente as chaves da Casa Mourisca nas mãos de Tomé da Póvoa. O frei Januário contou-me tudo. A aristocracia é assim em toda a parte. Tem a cabeça cheia de tradições da Idade Média e por elas se regula. Procura sempre dar às suas acções uma feição dramática, e, sempre que o consegue, sai desoprimida de qualquer situação apertada.

- E Tomé aceitou-as?

- O Tomé não estava em casa. A entrevista teve lugar à porta da Herdade entre o tio Luís e Berta, a heroína de toda esta história; e a propósito...

- Perdão, mas... o que se passou nessa entrevista?

- Pelo que me disse o padre, correu muito sentimental ao princípio. A vista de Berta recordou ao tio a imagem de Beatriz e comoveu-o a ponto de chorar. A rapariga parece que lhe disse algumas coisas ternas, que acabaram de o sensibilizar; abençoou-a, beijou-a e quase se ia esquecendo do que o levara ali, mas de repente recordou-se e fez a entrega das chaves com uma gravidade igual à de Martim de Freitas, cuja vaga recordação foi o que provavelmente lhe sugeriu a ideia da cena.

<< Página Anterior

pág. 248 (Capítulo 19)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 248

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515