E Tomé, centro daquele movimento, lançando os olhos a tudo, dirigindo a todos a palavra e a todos prestando o auxílio do seu braço robusto; e, da porta da casa, assistindo também àquela cena rural, a boa e santa mulher do fazendeiro, a sócia fiel nos seus prazeres e penas, sustentando ao colo o último dos seus filhos, enquanto que os mais crescidos jogavam as escondidas por entre aquela gente azafamada.
- Olha lá esse carro que não está bem seguro, ó Manuel. Vê lá se me arranjas ainda hoje por aqui alguma desgraça… Ó meu maluco, não reparas que me vais semeando as espigas pelo chão? Salta, apanha-me tudo isso, que eu não quero nada desperdiçado… Está quieto, João, vai para casa, agora não se brinca no quinteiro. Sai-me de ao pé dos bois, menino! Ai que tu… ó Luísa, olha se mandas dar uma pinga àqueles homens… Que quer você, tio? Cubra-se, ponha o seu chapéu. Ai, vem por causa do muro que caiu? Olhe, tenha paciência, volte cá amanhã. Hoje não posso olhar por isso…ó Chico Enjeitado, que diabo estás tu fazendo, pateta? Deixa-me estar essas pipas. Vai-me recolher aquele milho que eu te disse; corre… O moleiro já veio? Pois as azenhas já moem, e o homem não tem desculpas que dê pela demora… Ó Manuel, arreda esse carro mais para o meio, senão não pode entrar o outro, homem de Deus! Disseram ao Luís que visse como estava o milho da baixa do rio? Que mo não vá cortar antes do tempo. Eu sempre quero lá ir primeiro: ele não apodrece na terra. Ó mulher, chama para lá esses pequenos, que podem aleijar-se por aqui. Vai Joãozinho, vai para casa e leva o mano. Olha, queres uma espiga assada? Ó Chico, escolhe aí duas espigas para os pequenos. Que demónio anda aquele cão a fazer atrás das galinhas? Aqui, já, atrevido! Vá, vá, rapazes! Vocês nesse andar não acabam hoje.