Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 3: III

Página 27
Dá cá um ancinho, que eu vou arredando esse folhelho.

No meio deste fogo cerrado de ordens, de conselhos e de observações, foi Tomé da Póvoa interrompido pela voz da mulher, que exclamou:

- Ai, ó Tomé, olha quem ali está!

O fazendeiro voltou-se e deu com os olhos em Jorge, que do portão do quinteiro viera, cumprindo o que tinha dito ao irmão, contemplar o mesmo espectáculo que tanto o havia atraído ao observá-lo da colina.

Era raro que os filhos de D. Luís visitassem a Herdade. O velho fidalgo ainda se não costumara à prosperidade do homem que fora seu criado. A granja era como que uma censura pungente à sua imprevidência; era uma lição muda que ele recebia a todos os momentos, que o humilhava no seu orgulho e pungia-lhe o coração de remorsos.

Tomé não se mostrava soberbo nem insolente, antes conservava por a família da Casa Mourisca, e principalmente por D. Luís, certa deferência e respeito, que se ressentiam ainda da passada posição do fazendeiro em casa do fidalgo.

Este, porém, procurara o primeiro pretexto para interromper as relações com Tomé. Uma questão de águas, ocasionada por abertura de uma mina em terrenos da Herdade, serviu-lhe para o intento. D. Luís, sempre indiferente a litígios dessa ordem, mostrou-se então muito cioso dos seus hipotéticos direitos, e, não obstante a nenhuma animosidade que houve da parte do lavrador, desde essa época nunca mais conviveu com ele.

Jorge e Maurício, que costumavam frequentar a casa do homem que os trouxera ao colo e que lhes queria deveras, receberam ordem para não voltarem lá.

Tomé da Póvoa sentiu-se com este proceder, que não tinha merecido; mas possuía bastante finura para perceber a verdadeira causa da irritação do fidalgo; por isso limitou-se a encolher os ombros, dizendo para a mulher:

- Então que queres tu que eu lhe faça? Assim nasceu, e assim há-de morrer.

<< Página Anterior

pág. 27 (Capítulo 3)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 27

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515