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Capítulo 20: XX

Página 266
que manifestava o marido, não pôde, ao ouvir a última ordem, reprimir um movimento de estranheza, e violentando um pouco o seu respeito conjugal, disse, olhando fixamente Tomé:

- As chaves da Casa Mourisca?! Para que queres tu as chaves da Casa Mourisca?

- Provavelmente para abrir as portas.

- E tu vais lá?

- Vou, e olha que já há mais tempo lá me queria.

- E que vais fazer à Casa Mourisca, Tomé?

- O que vou fazer? Vou trabalhar.

- Trabalhar?! Pois tu tomaste-a de renda?!

- Tomá-la de renda? Para quê? Então o fidalgo não me deu as chaves? Então não embirrou em que eu havia de ficar com elas? Pois para espantalho não me servem cá em casa. As chaves são para abrir as portas, e quem as tem entra quando quer.

- Sim, mas que tens lá que fazer?

- Oh! não me falta tarefa. Aquilo não viu enxada há bom tempo. Os canos estão entupidos, as minas por limpar, os tanques rotos, as ruas cobertas de erva, os muros no chão, e tudo o mais por este gosto.

- E então tu é que vais pôr isso tudo em ordem?

- Vou, sim senhora. É assim que hei-de ensinar aquele soberbo, que se julga desonrado, só porque eu lhe fiz um serviço insignificante. Pois agora veremos como rói estes que lhe vou fazer. Olha, mulher, vês aquele casarão negro, coroado de dentes, muitos dos quais já lhe caíram de velhos? Pois se eu não lhe puser dentadura nova e lhe lavar aquela cara, de maneira que pareça que está a rir e perca o ar carrancudo com que dali nos olha, não seja eu quem sou.

- Tu não estás em ti, Tomé. Vê lá no que te vais meter. São despesas grandes, e nem tu tens direito para semelhante coisa.

- Não sei de histórias. O homem não quer tomar conta da casa enquanto não pagar as suas dívidas; pôs-ma ao meu cuidado, e eu do que está ao meu cuidado cuido assim.

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pág. 266 (Capítulo 20)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 266

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515