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Capítulo 20: XX

Página 267

- Ih! Jesus, que homem este! Não faças as coisas no ar, Tomé.

- Qual no ar; prometi que hei-de trabalhar para pôr aquela casa em cima, só para fazer uma pirraça ao fidalgo; e ainda que tenha de hipotecar todos os meus bens e de arriscar o futuro dos meus filhos, hei-de fazê-lo.

- Mas já falaste com o Sr. Jorge a esse respeito?

- Não, nem preciso.

- Pois devias falar. É um rapaz ajuizado e que põe as coisas no seu lugar.

- O que ele me vinha dizer sei eu, e por isso é que não desejo falar-lhe, porque não quero que me tire isto da cabeça, nem quero brigar com ele. Mas os rapazes já estão à minha espera. Vamos lá. Dá cá as chaves, ouviste?

- Tomé, Tomé! Olha lá o que fazes! Eu não sei...

- Pois por isso; se não sabes, deixa-me cá. Basta-me a chave grande. Eu hoje não passo da quinta.

E pegando na chave, que a mulher lhe deu a medo, o lavrador saiu à frente dos três criados, em direcção à Casa Mourisca.

Luísa, a cujo bom senso não agradava a resolução do marido, veio desabafar com a filha.

O que sobretudo levava a mal a bondosa Luísa era o não haver o marido consultado Jorge. Para Luísa, Jorge era um conselheiro infalível. A simpatia que sempre lhe inspirava aquela criança, «que se não metia com ninguém», como a boa mulher tantas vezes dizia, crescera e misturara-se à admiração, ao respeito e à absoluta confiança, assim que o viu, adolescente, tomar aos ombros o pesado encargo da direcção e reforma da sua casa, e que ouviu os louvores em que o entusiasmo de Tomé se desafogava, falando dele, Luísa afez-se a supô-lo um ente privilegiado, incapaz de errar, com faculdades criadas para levar ao fim qualquer empresa e realizar todas as suas tenções, por menos exequíveis que parecessem.

O dogma da infalibilidade de Jorge fora por ela definido.

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pág. 267 (Capítulo 20)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 267

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515