- Vocês juraram dar-me cabo dos limoeiros. Olhe que tenho tido limões este ano que é uma coisa por maior, Sr. Jorge - disse ele, regressando ao seu posto com um enorme limão, que mostrava com orgulho. 
Luísa voltou com uma cadeira para oferecer a Jorge. 
- Como está crescido e fero - dizia ela, olhando-o com curiosidade e complacência. - E o mano como vai? Vi-o há dias passar a cavalo ali na ponte do Giestal. Pareceu-me bom. 
- E como está seu pai, Sr. Jorge? - peguntou Tomé gravemente. 
Jorge ia respondendo a estas perguntas e seguindo o movimento dos criados da lavoura, a quem de quando em quando Tomé dava ordens e fazia recomendações, que entremeava na conversa, sem perder o fio desta. 
Luísa, com o filho ao colo, não abandonou também a cena senão quando o sino da igreja paroquial bateu as três badaladas que recordam aos fiéis a oração do meio-dia. O trabalho na eira e no quinteiro suspendeu-se como por encanto. Os homens descobriram-se a fazer uma curta reza, no fim da qual a mulher de Tomé, depois de dar aos presentes as boas-tardes, disse, seguindo o caminho de casa: 
- Venham jantar. 
Todos obedeceram imediatamente à agradável ordem, e em pouco tempo ficou só e silenciosa a cena, havia pouco tão ruidosa e animada. 
- São horas do seu jantar, Tomé - disse Jorge, levantando-se para sair. 
- Depois desta gente acabar, é que eu principio. A Luísa não pode atender a todos a um tempo. Deixe-se o menino estar. Eu não lhe ofereço do meu jantar, porque não é feito para si; mas se quiser dar uma volta pelos campos enquanto eles jantam… 
- Se lhe não causar incómodo… 
- Nenhum; até preciso de ir ver o que eles hoje trabalharam no poço que mandei abrir lá em baixo. 
E, empurrando a porta, que dava para as outras partes do casal, Tomé obrigou Jorge a passar adiante e seguiu-o logo depois.