Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 3: III Pág. 29 / 519

- Vocês juraram dar-me cabo dos limoeiros. Olhe que tenho tido limões este ano que é uma coisa por maior, Sr. Jorge - disse ele, regressando ao seu posto com um enorme limão, que mostrava com orgulho.

Luísa voltou com uma cadeira para oferecer a Jorge.

- Como está crescido e fero - dizia ela, olhando-o com curiosidade e complacência. - E o mano como vai? Vi-o há dias passar a cavalo ali na ponte do Giestal. Pareceu-me bom.

- E como está seu pai, Sr. Jorge? - peguntou Tomé gravemente.

Jorge ia respondendo a estas perguntas e seguindo o movimento dos criados da lavoura, a quem de quando em quando Tomé dava ordens e fazia recomendações, que entremeava na conversa, sem perder o fio desta.

Luísa, com o filho ao colo, não abandonou também a cena senão quando o sino da igreja paroquial bateu as três badaladas que recordam aos fiéis a oração do meio-dia. O trabalho na eira e no quinteiro suspendeu-se como por encanto. Os homens descobriram-se a fazer uma curta reza, no fim da qual a mulher de Tomé, depois de dar aos presentes as boas-tardes, disse, seguindo o caminho de casa:

- Venham jantar.

Todos obedeceram imediatamente à agradável ordem, e em pouco tempo ficou só e silenciosa a cena, havia pouco tão ruidosa e animada.

- São horas do seu jantar, Tomé - disse Jorge, levantando-se para sair.

- Depois desta gente acabar, é que eu principio. A Luísa não pode atender a todos a um tempo. Deixe-se o menino estar. Eu não lhe ofereço do meu jantar, porque não é feito para si; mas se quiser dar uma volta pelos campos enquanto eles jantam…

- Se lhe não causar incómodo…

- Nenhum; até preciso de ir ver o que eles hoje trabalharam no poço que mandei abrir lá em baixo.

E, empurrando a porta, que dava para as outras partes do casal, Tomé obrigou Jorge a passar adiante e seguiu-o logo depois.





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