Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 21: XXI

Página 299
E afinal talvez que de nós dois não seja ele o mais louco. A loucura é inseparável do homem; umas vezes toma-lhe a cabeça e deixa-lhe em paz o coração, que nunca se empenha nos desvarios a que ela é arrastada; é o caso de Maurício; outras vezes há na cabeça a frieza da razão e ao coração desce a loucura para o perturbar com afectos; quer-me parecer que é o que sucede comigo.

O cavalo parou espontaneamente à porta da Casa Mourisca e arrancou Jorge à corrente de vagas cogitações em que lhe flutuava o espírito.

- Vamos, Jorge - dizia ele a si mesmo, ao desmontar -, já agora é necessário ser rapaz de juízo até ao fim. Tu não tens direito de condescender com a tua mocidade, homem. Ninguém te relevaria os ardores da juventude, porque todos te supõem o sangue de gelo.

E, serenando outra vez a fisionomia, até ali um pouco alterada sob a influência de encontrados pensamentos, entrou para a quinta em procura de Tomé, que o precedera aí. Quando, depois de algumas pesquisas, Jorge, guiado por o som de vozes e por um ruído de sachos e de enxadas, conseguiu avistar o fazendeiro, não pôde reter um sorriso de estranheza e de simpatia, que o espectáculo que via lhe provocava.

E tão grato efeito parecia produzir-lhe esse espectáculo, que, sem ter querido interrompê-lo com a sua presença, continuou por algum tempo observando-o.

Efectivamente, para quem soubesse a verdadeira significação dos actos em que Tomé estava empenhado naquele momento, não seria para estranhar o sorriso de Jorge, nem a sua expressão dúplice de simpatia e de espanto.

Tomé não havia meditado no plano para a vingança que jurara contra o fidalgo. Ansiava por principiar a pô-la em prática, e encetou-a sem método nem sistema. Intimou os criados para que o acompanhassem, sem que tivesse ainda pensado no que lhes mandaria fazer.

<< Página Anterior

pág. 299 (Capítulo 21)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 299

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515