Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 21: XXI

Página 298
Doideje o coração à sua vontade, contanto que só eu o saiba... Mas a luta é comigo e não com ela... Berta tem razão em perguntar o motivo da minha hostilidade. A minha hostilidade! Ah que se ela tivesse um olhar mais penetrante... Disso é que me receio... Não há que ver, hei-de preocupar tanto, tanto, tanto a minha cabeça com algarismos e negócios, que hei-de por força perder a consciência dos afectos, e é assim que hei-de matá-los.

Neste momento vencia Jorge o declive que levava à porta principal da Casa Mourisca. O caminho, desafrontado naquela altura de árvores e de sebes altas, subia à vista do casal de Tomé e permitia descobrir na encosta fronteira as veredas que para lá se conduziam.

Jorge desviou naturalmente a vista para aquele sítio.

Na varanda de entrada divisava-se ainda o vulto de Berta, na mesma posição em que a deixara.

Alvoroçou-se o coração do rapaz com isso; ao mesmo tempo, porém, ia subindo, na direcção da Herdade, um cavaleiro que ele reconheceu ser Maurício.

Esta nova descoberta desagradou-lhe manifestamente. Purpurearam-se-lhe as faces por momentos, e a fronte contraiu-se-lhe com uma expressão de desgosto. Pela primeira vez fustigou o cavalo, que até ali deixara entregue ao capricho.

Maurício, que também da outra margem avistara o irmão, fez-lhe um aceno com a mão, ao qual Jorge respondeu apontando-lhe para a Casa Mourisca, como a designar-lhe o motivo do seu passeio. Maurício replicou-lhe com um movimento de braços, exprimindo que o seu giro era mais extenso e para o outro lado. E na direcção que seguia era inevitável a passagem por casa de Tomé da Póvoa.

- Por isso ela se demorou na varanda - murmurou Jorge com amargura; e prosseguiu, olhando para Maurício:

- Aquele pode ser louco à sua vontade; ninguém lho estranhará, ninguém lhe fará disso um crime.

<< Página Anterior

pág. 298 (Capítulo 21)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 298

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515