- Mas afinal sempre comprou?
- Quando ele mesmo mo disse. Foi à praça esta granja, que não era ainda o que é hoje. «Vê agora se ficas com aquilo», disse-me o Sr. doutor. A propriedade era de valor e eu não queria empregar na compra todo o meu capital. O Sr. doutor ajudou-me mais uma vez, e a propriedade passou para as minhas mãos. Então trabalhei mais do que nunca. Todo o meu empenho era remir depressa a minha dívida, porque, enquanto o não fizesse, parecia-me que não podia chamar ainda meu a isto. Deus ajudou-me com anos felizes e com boas colheitas, e como continuava com o arrendamento das Barrocas e depois com este negócio de gado, pude, mais cedo do que esperava, pagar a minha última prestação e remir a dívida.
Chegando a este ponto da sua narrativa, animou-se a fisionomia de Tomé da Póvoa de um clarão de entusiasmo, e com as faces coradas e os olhos radiantes prosseguiu, suspirando com desafogo:
- Que dia aquele, Sr. Jorge! Eu nem lhe sei dizer o