Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 29: XXIX Pág. 412 / 519

- Maurício - disse ele quando os viu já próximos da porta -, repare que vai entrar em uma sociedade nova para si, cheia de seduções e perigos. Seja homem e digno do nome que tem, e... dê-me o gosto de o ver feliz e honrado.

- Terei sempre em vista o seu nobre exemplo, meu pai, e espero que assim nunca me desviarei do caminho da honra.

- Talvez o não conduza pelo da felicidade - murmurou o velho; e depois, dirigindo-se a Jorge:

- Jorge, espero do seu juízo que seja prudente no uso dessas autorizações que lhe dou. Repare que nos esforços que faz para restaurar a sua casa não sacrifique o nome que a torna ilustre. Seja sempre tão brioso como é activo.

- Espero que nunca os meus actos deslustrarão o nome com que me honro.

E os dois irmãos retiraram-se enfim.

Vendo-os sair, D. Luís voltou-se para Berta, suspirando, e disse com desconforto:

- E ficamos sós, Berta!

- Eles voltarão cedo, e com eles mais alegria para esta casa.

D. Luís fez um sinal de quem não tinha fé no futuro.

- Tem paciência, Berta - disse daí a pouco -, mas se pudesses ir ver que lhes não falte nada... O padre é capaz de se descuidar das malas, e Maurício não repara.

Berta apressou-se a satisfazer o desejo do velho.

Encontrou Jorge e Maurício na casa de jantar, fazendo os preparativos para a jornada.

Berta coadjuvou-os com vantagem.

- Berta - disse Maurício -, neste reconhecimento de despedida, será bastante generosa para perdoar-me algumas loucuras que talvez não fossem de todo inocentes?

- Antes de perdoar é preciso condenar, e eu nem sequer acusei!

Maurício apertou-lhe a mão com verdadeira e desta vez insuspeita simpatia.

- Sabe, Berta, que vendo-a aqui a ajudar-nos assim nesta tarefa caseira, custa-me a acreditar que não seja nossa irmã?!

- E como é que se desengana? Interrogando o coração?

- Não, que esse persuade-me do mesmo.





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