Clemente permaneceu ainda por muito tempo silencioso.
Jorge pôs-se a passear no quarto.
Afinal o noivo de Berta ergueu-se e disse suspirando:
- Bem, veremos o que pensa minha mãe.
- E que direito tens tu de ires falar a tua mãe nas confidências de Berta? - interpelou-o Jorge, com uma veemência que sobressaltou Clemente.
- Devo confiar em minha mãe, pelo menos tanto quanto confiei no Sr. Jorge. Berta não mo levará a mal.
Jorge reprimiu-se ao responder:
- Decerto que não acho mais justificado o escolheres-me para confidente. Enfim faz o que quiseres, mas... segue principalmente o que te ditar a consciência.
Clemente saiu mais pensativo do que viera.
O desconsolado noivo estranhara Jorge. A maneira por que ele lhe falou fora tão fria e desabrida e de tão difícil explicação, que não podia Clemente atinar com o motivo daquilo. A última reflexão, sobretudo, deixou-o muito sentido. Jorge pusera em dúvida o direito que ele tinha de consultar a sua mãe neste negócio! Pois não era ela a mais natural conselheira que ele tinha no mundo? E não pedia o caso o conselho de pessoa experiente?! Poderia Berta levar-lhe a mal a precaução que tomava principalmente em vista da felicidade dela?
Mas enfim, Jorge dissera-o e Clemente, a seu pesar, começou a sentir escrúpulos.
De feito aquele segredo não era seu, e Berta não o tinha autorizado a revelá-lo. Já em comunicá-lo a Jorge exorbitara.
E no meio destas alternativas de resoluções entrou cabisbaixo e assombrado em casa, e não falou em coisa alguma a sua mãe.