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Capítulo 31: XXXI

Página 428

Uma impaciência insuperável desviava-o desse caminho.

As brilhantes aparências, a vida agitada, a variedade de impressões, as lutas incessantes, alimento da febril ansiedade que devora certos espíritos, eram-lhe indispensáveis. Sob a influência de tais estímulos, as suas faculdades entravam em acção. Não se contentava com os aplausos da consciência própria, precisava dos aplausos do mundo. Para os conquistar tentaria esforços sobre-humanos.

Jorge era uma alma formada para o dever; Maurício uma alma formada para a glória.

D. Luís não pôde deixar de sentir-se lisonjeado com o bom êxito do filho, não obstante as vagas apreensões que sentia de que a íntima convivência com a corrupta mocidade da corte o contaminasse. Felizmente o velho realista não tinha já a seu lado o padre procurador, com a sua incessante pregação contra os costumes do século, que era dantes o tema obrigado das conversações diárias. E desde então as prevenções do fidalgo haviam perdido muito das cores carregadas que as tingiam.

Às primeiras cartas seguiram-se outras, confirmando as notícias dadas naquelas.

As auras continuavam a soprar favoráveis a Maurício nos mares insidiosos da corte. A baronesa dava quase como certo o próximo despacho dele para adido a uma embaixada de Viena ou de Berlim.

Maurício relacionara-se intimamente com os primeiros personagens da situação política dominante, que se interessavam por ele. As simpatias femininas, poderoso elemento de prosperidade naquelas altas regiões, como em geral em todas, conspiravam também a seu favor.

«Com mais um pequeno esforço talvez fosse possível fazê-lo ministro - escrevia a baronesa a Jorge -, que não é em Portugal dos postos de mais difícil acesso. Ministro da marinha pelo menos, que é a pasta dos principiantes e a mais adequada para os homens de imaginação como ele, onde têm muito com que a alimentar, porque é a pasta simbólica das nossas glórias passadas e pouco mais».

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pág. 428 (Capítulo 31)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 428

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515