Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 31: XXXI Pág. 430 / 519

Carlos que o fascinar. Em conclusão, creio que poucas mulheres poderiam como eu aceitar Maurício para marido, com tanta probabilidade de não o fazerem infeliz nem de o serem. O que é preciso é aproveitar o ensejo em que Maurício me faça a honra de uma preferência. Por isso talvez qualquer dia surpreendamos o tio Luís pedindo-lhe a autorização necessária. Espero que o Jorge advogará a nossa causa. Perdoa-me se alguma leviandade descobrires ainda nesta minha resolução. Acredita, porém, que nunca pude ser mais séria do que o estou sendo ao escrever-te esta carta.»

Havia ainda um post scriptum, em que ela acrescentava:

«Berta ainda está nos Bacelos? Será bom que se demore. Nunca é tarde de mais para o tal casamento, com o qual por enquanto me não pude conformar.»

A comunicação que lhe fazia Gabriela surpreendeu em extremo Jorge, que muito longe estava de prevê-la. Reflectindo, porém, acabou por achar que a prima tinha razão e por convencer-se de que, não obstante o tom ligeiro da carta que lera, expunham-se nela razões de peso para justificar o facto anunciado.

Casando com a baronesa, Maurício precavia-se contra si próprio e ligava-se a uma mulher que, por as especiais disposições de sua índole, saberia respeitar o nome do marido, sem que a fizessem desgraçada os prováveis desvarios dele.

Efectivamente, conforme o que a baronesa predissera, semanas depois era D. Luís surpreendido por uma carta dela e outra de Maurício, pedindo-lhe o beneplácito para o referido casamento.

O fidalgo recebeu com prazer a inesperada nova.

Gabriela era por muitos motivos uma esposa que para qualquer dos seus filhos ele ambicionava. Jovem, rica, de sangue igual ao seu, e de sentimentos elevados sob a frívola aparência de que os revestia, a baronesa augurava um auspicioso futuro ao homem a quem desse o título de marido.





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