Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 31: XXXI Pág. 431 / 519

Para Maurício seria demais uma prudente conselheira e um obstáculo a muitas loucuras que, entregue a si ou a pior vigilância, o rapaz não deixaria de cometer.

Por isso D. Luís, com ânimo folgado e um sorriso expansivo a alisar-lhe na fronte e nos lábios a contracção habitual, apressou-se a responder ao pedido nas mais benévolas e lisonjeiras frases que lhe inspirava o seu bom humor.

Berta veio dar com ele sentado à secretária a escrever. A filha do Tomé da Póvoa quis retirar-se para não o interromper.

D. Luís, conhecendo-lhe os passos, disse sem desviar os olhos do papel em que escrevia:

- Entra, Berta, entra, que não me incomodas.

E, sentindo-a mais perto, acrescentou:

- Sabes o que estou fazendo?

- A escrever; bem vejo.

- Sim; mas a quem?

- A seu filho Maurício talvez.

- A Maurício e a Gabriela também. E sabes a respeito de quê?

- Eu, não.

O fidalgo terminava naquele momento a assinatura no extremo inferior da página, e só depois de concluí-la foi que, voltando-se para Berta, continuou:

- Autorizo um casamento.

- Um casamento?!

- É verdade. Havia alguém de supor que o Maurício se casava?!

- Casa-se! Com quem?

- A ver se adivinhas.

Berta reflectiu alguns instantes.

- E eu conheço a noiva?

- Conheces perfeitamente.

- Então não pode deixar de ser a Sr.ª baronesa.

- Justamente. É Gabriela.

- É uma felicidade para ele.

- Assim também o julgo. Se alguém se aventura, neste casamento, é a noiva.

- O Sr. Maurício tem uma boa alma, não dará motivos de arrependimento a quem depositar confiança nele.

- Hum! É muito rapaz - murmurou o fidalgo, fingindo sentir contra o filho maiores prevenções do que efectivamente sentia. Berta julgou que era ocasião oportuna de pôr em prática um projecto que desde madrugada meditava.





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