Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 33: XXXIII Pág. 461 / 519

anos que conviveu com aquela família ainda lhe não fizeram conhecer o génio dele?

- Mas que me importa a mim o génio do velho? Ora essa é que está muito boa! O velho tem um ou dois anos de vida, e lá para o não zangar, não hão-de um rapaz e uma rapariga fazer a sua felicidade. Olha agora!

- Pois sim, pois sim, vossemecê fala bem; mas o que lhe digo é que não tardo nos Bacelos, e que já de lá não venho sem a rapariga.

E, saindo da sala deveras preocupado, Tomé ia murmurando:

- Foi uma desgraça! uma verdadeira desgraça, meu Deus!...

A Ana do Vedor viu-o sair e meneou a cabeça com certo ar de benévola ameaça.

- Sim? Ele é isso? Pois que já tu és teimoso, eu te prometo que me hás-de ver pela frente. Vai, vai aos Bacelos, que quando lá chegares já hás-de encontrar novidades. Olha agora! Adeus, Luísa, adeus.

Luísa ergueu-se, e, abraçando-se na amiga, desatou a chorar.

- Ó mulher, você por que chora? Olha agora! Tenha juízo, mulher. Deixe lá, que há-de viver para ver a sua filha bem casada e feliz. E deixe-me que preciso de ir adiante do Tomé para ele não fazer tolices.

- Ai, eu sempre suspeitei isto, ele é que não queria acreditar.

- Pois agora já acredita. E o mais confie em Deus, deixe-me sair.

E a Ana do Vedor saiu apressada, e murmurando de instante a instante:

- Olha agora!





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