anos que conviveu com aquela família ainda lhe não fizeram conhecer o génio dele?
- Mas que me importa a mim o génio do velho? Ora essa é que está muito boa! O velho tem um ou dois anos de vida, e lá para o não zangar, não hão-de um rapaz e uma rapariga fazer a sua felicidade. Olha agora!
- Pois sim, pois sim, vossemecê fala bem; mas o que lhe digo é que não tardo nos Bacelos, e que já de lá não venho sem a rapariga.
E, saindo da sala deveras preocupado, Tomé ia murmurando:
- Foi uma desgraça! uma verdadeira desgraça, meu Deus!...
A Ana do Vedor viu-o sair e meneou a cabeça com certo ar de benévola ameaça.
- Sim? Ele é isso? Pois que já tu és teimoso, eu te prometo que me hás-de ver pela frente. Vai, vai aos Bacelos, que quando lá chegares já hás-de encontrar novidades. Olha agora! Adeus, Luísa, adeus.
Luísa ergueu-se, e, abraçando-se na amiga, desatou a chorar.
- Ó mulher, você por que chora? Olha agora! Tenha juízo, mulher. Deixe lá, que há-de viver para ver a sua filha bem casada e feliz. E deixe-me que preciso de ir adiante do Tomé para ele não fazer tolices.
- Ai, eu sempre suspeitei isto, ele é que não queria acreditar.
- Pois agora já acredita. E o mais confie em Deus, deixe-me sair.
E a Ana do Vedor saiu apressada, e murmurando de instante a instante:
- Olha agora!