Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 34: XXXIV Pág. 472 / 519

- Sossega, minha filha - prosseguiu o fidalgo, animando-a. - Bem vês que eu não quero repreender-te. Somente queria que me dissesses a verdade a este respeito.

- Meu padrinho - disse Berta, perturbada ainda -, pois não se lembra do pedido que lhe fiz ainda há poucos dias?

- Do pedido?... Ah! sim... Falas do casamento?... Mas se ele já se não faz? Se foi a própria mãe de Clemente que me contou desses amores entre ti e meu filho?

- Oh! não pode ser! - exclamou Berta, consternada. - Como havia ela de saber?... Como podia ela dizer isso?

- O mesmo Jorge lho revelou.

- Jorge!... o Sr. Jorge!... É impossível!

- Mas por que não respondes à minha pergunta? O que há de verdade em tudo isso?

Berta conservou-se ainda algum tempo silenciosa e irresoluta. Depois, como se abraçasse um partido decisivo, tornou com maior vivacidade:

- Tem razão, meu padrinho, devo dizer-lhe a verdade. Nem ela tem em que me envergonhar.

- Então é certo?

Berta, com os olhos fitos no chão e a voz mal firme, mas exprimindo resolução, principiou:

- Um dia o Sr. Jorge apresentou-se em casa de meu pai, a pedir-lhe, em nome de Clemente, licença para o casamento que sabe...

- Como?! Foi Jorge que pediu esse consentimento? E antes disso não tinha ele já dado a conhecer-te...

Berta não o deixou continuar.

- Escute, Sr. D. Luís, que, eu prometo dizer-lhe toda a verdade. Meu pai chamou-me para consultar-me a esse propósito.

- Ah! teu pai consultou-te?! E esperava que tu recusasses, não é verdade?

- Eu nunca pensara em casar-me, nunca pensara até no futuro, por isso aquela proposta sobressaltou-me.

- E respondeste...

- Depois, o ter sido feita pelo Sr. Jorge mais me perturbava ainda.

- Sim, porque ele havia-te jurado talvez.





Os capítulos deste livro