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Capítulo 34: XXXIV

Página 471

D. Luís contraiu as sobrancelhas, como se esta resposta lhe fizesse suspeitar uma dissimulação.

- Pois então Jorge nunca falaria contigo?

- Muito de passagem, quando por acaso me encontrava e sempre com umas maneiras tais, que cheguei a acreditar que me que-ria mal por algum motivo desconhecido para mim.

D. Luís fez um gesto de desgosto e de novo lhe assomaram ao semblante os vestígios da desvanecida irritação.

- Não esperava isso de ti, Berta. Tu não és sincera comigo.

- Eu?

- Tu iludes-me como os outros, afinal, conspiras com eles contra a tranquilidade dos meus dias, contra o sossego deste coração atribulado. Deus te perdoe o mal que me fazes, tu, mais do que ninguém, porque te queria deveras.

- Jesus, Sr. D. Luís, meu padrinho, que quer dizer? Em que lhe fiz eu mal? Por amor de Deus, diga, fale-me claro.

- Berta, é preciso que me digas a verdade, se queres que não suspeite de ti, como suspeito dos outros, como suspeito de todos; é preciso que não dissimules, como eles fazem, para me iludirem.

- Mas que quer que lhe diga, Sr. D. Luís? Prometo dizer-lhe a verdade, nem eu lhe sei mentir.

- Então para que me dizes que Jorge te queria mal?

Berta sentia-se cada vez mais sobressaltada pelas perguntas do fidalgo, que pareciam dirigir-se ao segredo recatado que ela conservava no coração.

- Eu disse - respondeu ela - que cheguei a pensar que o Sr. Jorge me queria mal, porém...

A confusão que sentia não a deixou continuar.

O fidalgo notou aquela perturbação e abrandou mais a voz, tomou um tom carinhoso e disse, pegando-lhe afectuosamente na mão:

- Vamos, Berta, sossega. Acredita que tens em mim um amigo, e abre-me francamente o coração sem receio. Diz-me: é verdade que Jorge te disse alguma vez que te amava? É verdade que entre vós ambos há alguma afeição, alguma promessa?

A pergunta, ainda que não já de todo inesperada, sobressaltou Berta, que não atinou com o que respondesse.

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pág. 471 (Capítulo 34)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 471

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515