Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 36: XXXVI

Página 485

Jorge assustado com aquela impassibilidade, pegou-lhe na mão que tinha estendida por fora da roupa, como para procurar nela o calor da vida.

Ao contacto da mão do filho, o fidalgo estremeceu e abriu os olhos; vendo Jorge, passou-lhe nos lábios um desvanecido sorriso de afecto.

- Ah! és tu, Jorge? - disse ele com a voz ainda fraca - não te tinha visto entrar.

Frei Januário ficou estupefacto, ouvindo falar o doente, que ele já supunha em estado de não poder fazê-lo.

- Acha-se melhor? - perguntou Jorge, vergando-se sobre o leito.

O velho só respondeu encolhendo os ombros, como exprimindo indiferença pela sua sorte, e depois, fitando outra vez os olhos no filho, interrogou-o por sua vez:

- E tu?

Jorge estranhou esta solicitude no pai, tão fora dos seus hábitos, e sentia-se comovido.

- Eu?... eu estou bom.

- Estás pálido e doente - prosseguiu o pai, fitando-o.

E, sem desviar os olhos, recaiu no silêncio, que manteve por alguns segundos.

Depois, procurando a mão do filho e apertando-a na sua, murmurou com uma comoção a que só ultimamente era sujeito:

- És um homem, Jorge! És digno do nome que tens e da família que representas.

Estas palavras surpreenderam extraordinariamente Jorge e não menos Frei Januário que as atribuiu ao delírio produzido pela doença.

D. Luís acrescentou no mesmo tom:

- Saber sacrificar tudo a um dever é a principal e a mais difícil ciência que nós temos a aprender na vida, e tu... mostras que estás bem senhor dela.

Julgando perceber o sentido destas palavras, Jorge fitou no pai um olhar perscrutador.

Ele porém fechou novamente os olhos e por muito tempo permaneceu como caído em um sono profundo.

O filho e o padre conservaram-se ao lado do leito.

- Como vão os negócios da nossa casa? - perguntou daí a pouco ele sem abrir os olhos.

<< Página Anterior

pág. 485 (Capítulo 36)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 485

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515