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Capítulo 37: XXXVII

Página 501

- Quem fala aqui em morrer? Agora que o Inverno passou e que este tempo está a dar vida a tudo é que o padrinho se lembra disso? Pois veremos. Dentro de poucos dias é preciso continuarmos aqueles nossos passeios na quinta.

D. Luís sorriu tristemente e fechou os olhos, como para reter uma lágrima, que, apesar disso, lhe passou por entre as pálpebras e lhe rolou vagarosa pelas faces descarnadas.

Berta murmurou ao ouvido do velho:

- Chore à vontade, que estou eu só aqui. Chore, que lhe faz bem.

Como se a densa tristeza que pesava sobre o coração daquele homem só esperasse aquelas palavras para se fundir em lágrimas, o pranto inundou-lhe o rosto, que ele quase escondeu no seio de Berta.

Aquela expansão foi-lhe salutar. O sono seguinte foi mais tranquilo e menos cortado por sonhos fatigadores. Contudo o estado do doente era ainda muito grave, e na aldeia e imediações corria já voz do próximo falecimento do fidalgo da Casa Mourisca.

A parentela das vizinhanças a cada momento vinha ou mandava aos Bacelos saber novas do fidalgo. Tomé da Póvoa passava ali a maior parte do seu tempo; a própria Ana do Vedor viera oferecer os seus serviços à família, e raras vezes se desviava da casa.

Berta continuava assiduamente junto do leito do enfermo, sem perder a esperança de o ver sair vitorioso daquela tremenda crise.

Ninguém a desviava dali. Retinha-a a vontade própria, assim como a do doente, a quem a menor contrariedade podia ser fatal.

A baronesa não só não insistia para que Berta cedesse a outrem o campo, mas nem deixava que alguém insistisse. Dizia ela que a juventude de Berta podia bem com aquele sacrifício, e que era provável que Deus não deixasse sem recompensa a sua caridade.

Durante três dias a família reunida nos Bacelos passava o tempo, por assim dizer, na expectativa do triste acontecimento que se preparava.

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pág. 501 (Capítulo 37)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 501

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515