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Capítulo 4: IV

Página 52
de propriedade, ao criarem-se-lhe recursos para ele tirar do seu trabalho e da sua inteligência dez vezes mais do que dantes podia obter, quando na época em que tudo isto se realiza, uma casa como a nossa, em vez de prosperar como tantas, vê apressada a sua decadência, é porque tem em si um velho e incurável cancro a roê-la. E é esse cancro que eu quero conhecer, para extirpá-lo, se ainda for possível.

- Eu estou pasmado! Pelo que ouço, acha o menino que todas essas fornadas de leis que esta gente tem feito são muito boas e que a sua casa devia ser muito bem servida com elas?

- Essas leis de que se queixa são racionais; uma casa racionalmente administrada não pode pois perder com elas.

- Sim, senhor! Visto isso, o menino, que, depois da morte dos manos, ficou sendo o filho mais velho da família, gostou talvez muito de ver acabar com os morgados? Sim, como as leis modernas são tão boas, havia de gostar - argumentou o procurador, com ares de finura, como de quem apanhava em falso o seu adversário.

Jorge respondeu serenamente:

- E porque não? A abolição dos morgados acho eu que foi um grande acto de justiça e de moralidade; além de ser uma medida de longo alcance político.

- Ai... ai... ai... O que mais terei de ouvir! O menino está perdido!... Pois já me aplaude a maldita lei que há-de dar cabo das famílias mais ilustres do reino... Ai, como ele está!...

- Deixe-se disso. A abolição dos vínculos só trouxe morte às casas que deviam morrer. O que ela fez foi proclamar a necessidade do trabalho, indistintamente, para quem quiser prosperar. O esplendor das famílias deve ficar somente aos cuidados dos membros delas e não da lei. Quando esses não tenham brio nem dignidade para o sustentar, justo é que ele se apague, e que o nome dos antepassados não continue a ser desonrado pelos vícios e ociosidade dos descendentes.

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pág. 52 (Capítulo 4)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 52

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515