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Capítulo 4: IV

Página 53
Mas deixemo-nos destas discussões, frei Januário. O meu partido está tomado. Mais tarde saberá das consequências dele.

E Jorge saiu da sala, deixando o egresso apatetado com o que ouvira.

- Que anda aqui liberalismo, isso para mim é de fé. Mas que mosca o morderia? Querem ver que já fizeram do rapaz mação? Pois olhem que não é outra coisa. Eu, quando os ouço falar muito do trabalho... já estou de pé atrás. Tem graça! Quem os ouvir persuade-se que o trabalho é um prazer. Ora adeus! O trabalho é uma necessidade, o trabalho é um castigo. Para aí vou eu. Que trabalho tinha Adão no paraíso? E não lhe chamam os livros sagrados um lugar de delícias? Amassar o pão com o suor do rosto, olhem que título de nobreza! Estes modernismos! Mas é a cantiga da moda. O trabalho enobrece, o trabalho consola, o trabalho é uma coisa muito apetitosa... Será, será, mas eu, por mim, se pudesse deixar de trabalhar... Ah! Ah! Ah!

Aqui bocejava o egresso:

- Mas que ali anda liberalismo, isso é tão certo como eu estar onde estou. Como ele falou nos morgados!... Provará que é tão pateta que, sendo ele morgado, diz aquilo. Uma criançola que não sabe senão passear. Tomara ele que o deixem... O ocioso é que é o plebeu, o nobre é o que trabalha. Sim, sim, contem-me dessas. Aquilo é música de anjos. Diga-se o que é verdade, quem puder deixar de trabalhar...

Frei Januário, nestas graves ponderações, deixou-se a pouco e pouco invadir pelo sono, e acabou por adormecer à mesa, sonhando-se em uma espécie de paraíso, como o tal lugar de delícias de Adão, cuja ociosidade sempre fora objecto muito dos seus enlevos.

Deixemo-lo adormecido, e vamos ter com Jorge a um dos menos arruinados ângulos da Casa Mourisca.

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 53

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515