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Capítulo 8: VIII

Página 97
Aquilo é que é mulher de casa! É um gosto vê-la, no meio dos campos, de mangas arregaçadas e chapéu de palha na cabeça e de enxada ou mangual na mão. O seu trabalho vale por o de dois homens. Pois numa eira?

Neste ponto Tomé deu um assobio, que exprimia a grande conta em que tinha o trabalho de Ana do Vedor.

- O filho está regedor.

- É uma boa e generosa alma - tornou Maurício, com uma expressão de sincera simpatia. - E quer-nos como a filhos.

- Isso quer - confirmou Tomé. - Quando fala nos seus meninos, que trouxe ao colo e que sustentou com o seu leite, luzem-lhe os olhos.

- E também me ralha com uma severidade!

- Vamos, que ela bem sabe por que o faz. Então pensa que não lhe merece ainda mais?

- Não digo que não. Só me queixo de certa parcialidade que manifesta por Jorge.

- E como vai o Sr. Jorge? - perguntou Berta.

- Muito bem. Fez-se caixeiro. Não sabe? Atirou-se aos livros e à papelada da casa como um homem, e já não há tirar-lhe palavra que não seja de contas e de negócios.

- E é um homem às direitas - disse Tomé, com gravidade.

- Pois sim, mas podia distrair-se mais um bocado. Mas então? Deu-lhe Deus aquele génio frio como gelo!…

- Eu não sei lá se é frio ou se é quente. O que sei é que é um rapaz de juízo, e que, se continuar assim, há-de remediar muita doidice, antiga e moderna, que há lá por casa.

- A moderna é comigo, aposto. Não tem razão. Eu também estou decidido a trabalhar. Se ainda aqui me vê, a culpa não é minha.

- Então vai partir? - perguntou Berta.

- Que remédio, Berta? Cumpro uma dura lei. Deixo o coração por aqui, acredite; por esses vales, por essas devesas, por essas ribeiras!…Mas que lhe hei-de fazer?

- E para onde vai?

- Eu sei? Para onde me levar o destino.

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pág. 97 (Capítulo 8)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 97

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515