Ilíada - Cap. 19: Capítulo 19 Pág. 99 / 178

Assim falou Juno, e Neptuno apressou-se a obedecer-lhe. Entrou no campo de batalha e começou a exortar os gregos com estas palavras:

— Avante, guerreiros! Não vedes que o filho de Príamo vai destruir os vossos navios? Ele assim o jurou, desde o afastamento de Aquiles, e cumprirá o juramento se não recobrardes o animo. Não precisamos de Aquiles, deixai-o em sua barraca, no seu eterno rancor, e mostrai que podeis passar sem ele. Segui-me como a um chefe e levar-vos-ei à vitória!

Até os feridos se reanimaram ao ouvir as palavras do deus, assim como o nobre Agamémnon, o sagaz Ulisses e o valente Diomedes que, voltando às fileiras, cuidaram de dar as melhores armas aos mais fortes, ficando os menos valentes com armas mais leves. E assim reentraram na luta. À frente marchava Neptuno, qual relâmpago, em sua divina fúria, e atrás dele seguiam os chefes pregos.

Heitor, acompanhado pelos seus bravos troianos, saiu-lhes ao encontro. Os dois exércitos defrontaram-se e entrechocaram-se como vagalhões num mar revolto. As lanças, batendo nos capacetes e nos escudos, produziam sons terríveis e os soldados gritavam exaltados no ardor do combate.

Em dado momento, aproximaram-se Heitor e Ájax, filho de Télamo que se encararam com um olhar sombrio. O chefe troiano foi o primeiro a atacar. Atirou a lança ao peito do seu adversário, mas falhou o golpe o bronze bateu no escudo e caiu ao chão. Aborrecido pelo insucesso e também para evitar a morte, Heitor procurou reunir-se aos companheiros.

Mas, quando recuava, Ájax agarrou numa pedra enorme e arremessou com toda a força contra a parte superior do seu escudo e por pouco na partiu o queixo ao herói troiano que se estirou na lama.





Os capítulos deste livro