Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 24: XXIV Pág. 334 / 519

- Perde-se, perde-se - insistia D. Luís.- Não respeitar os sentimentos mais puros! nem pelo menos lhe merecer respeito aquela pobre rapariga, que tem as mais santas tradições de nossa família a protegê-la! Nem ela! É uma infâmia!

- Sabe o que tudo isto está pedindo, meu tio?

- O que é?

- É que se tire Maurício daqui. Esta ociosidade perde-o. Este viver apertado no pequeno círculo da aldeia há-de acabar por sufocar nele as melhores aptidões e desenvolver-lhe as más. Creia. O tio deve vencer os seus escrúpulos em deixar Maurício partir.

- Lembrei-me já disso. E nesse intuito a procurei. Mas pense bem, Gabriela. Engolfá-lo na grande sociedade; onde os vícios e as tentações se conspiram para embriagar e seduzir a juventude, e ele em quem germinam já tão maus instintos...

- Tem dotes de alma que lá se desenvolverão e neutralizarão os vícios e as tentações.

D. Luís curvou a cabeça pensativo. Os seus preconceitos políticos eram muito vivazes, não cediam sem resistência.

- Para que me deu o Senhor filhos! - exclamou ele, revoltando-se contra a sua perplexidade; e acrescentou: - Mas afinal que carreira pode ele seguir?

- Não fixemos de antemão planos. Em geral os acontecimentos anulam-nos. Decida-se a partida. Eu o recomendarei de maneira que ele próprio possa dentro em pouco escolher a carreira que lhe convenha.

- Mas, se tiver de ceder...

- Meu tio, permita-me uma reflexão. Se quisermos prevenir todos os fortuitos inconvenientes de uma resolução qualquer, antes de a tomarmos, nenhuma abraçaremos. Deixemos as objecções e os reparos para o momento apropriado. Quer que Maurício parta?

- Se ele há-de perturbar a paz dessa família e obrigar-me mais uma vez a humilhar-me diante dela... Porque meus filhos têm





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