Ilíada - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 10 / 178

- Foge, pois, se a tanto te incita o coração! - respondeu Agamémnon.

- Não serei eu quem te peça que fiques por minha causa. Outros, mais valorosos, continuarão a meu lado. És-me mais odioso do que qualquer um dos meus aliados pois respiras lutas, brigas e discussões. Vai-te, pois. Mas ouve bem esta ameaça: Visto que Apolo me arrebata Criseida, mandá-la-ei para o seu país. Eu mesmo, porém, irei à tua tenda e me apoderarei de Briseida, tua escrava, para que saibas quão mais poderoso sou do que tu. Ninguém se atreva a dizer que me é igual, ninguém se atreva a comparar-se a mim!

Tão irado ficou Aquiles que, por um momento, não pôde falar nem sequer mover-se. Depois, segurando o punho de prata da sua espada, teve ímpetos de avançar sobre Agamémnon e matá-lo, ali, diante dos outros gregos. Mas antes que Pátroclo tentasse retê-lo. a prudente Minerva, deusa da sabedoria, que a tudo assistia do monte Olimpo, desceu rapidamente até eles permanecendo, porém, invisível; e, postando-se atrás de Aquiles, segurou-o pelos longos cabelos louros. O herói voltou-se e reconheceu imediatamente a deusa, cujos verdes olhos refulgiam de maneira terrível. Somente Aquiles viu a aparição.

- Porque vieste, filha de Júpiter? - murmurou. - Para presenciar, acaso, o ultraje que o átrida Agamémnon me infere? Fica, pois sabendo que tal insolência lhe vai custar a vida.

- Venho apaziguar a tua cólera, pois que me envia Juno, a deusa de alvos braços, que a vós ambos estima. Não desembainhes a espada. Limita-te a injuriá-lo com palavras, o quanto queiras. O que vou dizer-te há-de cumprir-se: por tal ultraje ser-te-ão, um dia, oferecidos maravilhosos presentes. Domina-te e obedece.

- É preciso fazer o que mandas, embora o coração recalcitre. Quem obedece aos deuses deles obtém protecção.





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