Ilíada - Cap. 29: Capítulo 29 Pág. 145 / 178

Depois de apaziguado o Xanto, a luta reacendeu-se entre os deuses do Olimpo, cindidos em dois partidos. O plenipotente Júpiter, nos cimos do Olimpo, observava-os empenhados naquela contenda como se fossem míseros mortais e divertia-se perante tal espectáculo. Primeiro foi Marte quem atacou Minerva, dirigindo-lhe estas palavras injuriosas:

— Porque te metes a semear a discórdia entre os deuses, mulher intrigante? Lembras-te do dia em que instigaste Diomedes para que me ferisse? Pois agora vais-me pagar!

Dizendo isso, arremessou-lhe a lança, que bateu no escudo mas não o perfurou. Furiosa, Minerva investiu contra ele, atirando-lhe uma enorme pedra ao pescoço. Marte tombou e Minerva, ridicularizando-o, disse:

— Isto é para aprenderes a não ser convencido! Quem te mandou lutar com quem é muito superior a ti? E para que desobedeceste a Juno, colocando-te ao lado dos troianos?

Gemendo muito, Marte amparou-se ao braço de Vénus e encaminhou-se para o Olimpo. Mas a deusa das densas, observando aquele par desigual, disse a Minerva:

— Olha, filha de Júpiter! Não vês como Vénus vai levando aquele desgraçado através do campo de batalha e o põe a salvo do combate? Vai atrás deles e ataca-os!

Minerva não queria outra coisa. Correu sobre a deusa e deu-lhe uma violenta pancada no peito, fazendo-a tombar sem sentidos. E ali ficaram estendidos no solo os dois deuses. Minerva, vitoriosa, exclamou:

— Eis ai os protectores dos troianos! Não passam de uns grandes molengões e cobardes. Fossem como eles os que defendem a cidade e há muito tempo que poderíamos ter terminado esta guerra, depois de arrasar as muralhas de Tróia!





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