Ilíada - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 26 / 178

Lisonjeado pelos louvores e seduzido pelas palavras astutas, sem ponderar mais, Pandaro agarrou no seu arco, colocou-lhe uma flecha com ponta de ferro e, antes que qualquer pessoa o conseguisse impedir, alvejou Menelau ao mesmo tempo que erguia uma prece a Apolo.

A flecha disparou, mas Minerva foi mais veloz e, colocando-se diante de Menelau, se bem que invisível para toda a gente, desviou-a do seu alvo. Apesar disso, a seta atravessou o cinturão de couro e atingiu a pele do grego, tendo no entanto a fivela de ouro impedido a penetração total; só a ponta de ferro conseguiu fazê-lo e manchou de sangue a túnica de Menelau.

Agamémnon, que se encontrava ao lado do irmão, exclamou horrorizado:

- Menelau, meu bom irmão, fui eu que te conduzi para a morte, pois confiei temerariamente na boa fé dos nossos inimigos. Dirão todos que causei a morte de meu irmão com a minha ingenuidade. E quando a guerra terminar e os gregos embarcarem de regresso, ficarás sozinho em solo estrangeiro para seres profanado pelos troianos que, saltando cheios de vaidade em cima da tua sepultura, se vangloriarão de que vim a Tróia em vão, só para aqui te deixar.

Mas Menelau, pouco impressionado com o ferimento, respondeu-lhe alegremente:

- Não passa de um arranhão. Repara como as farpas da flecha ficaram presas na fivela do cinturão. Acalma-te meu bom irmão, para que os meus homens não julguem que já estou a meio caminho da terra de Plutão.

No entanto, Agamémnon, que conhecia bem a coragem do irmão e a sua habitual maneira despreocupada de falar, não ficou muito tranquilo e mandou que o mensageiro Taltíbio  fosse buscar o médico para examinar o ferimento.





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