Ilíada - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 44 / 178

Enquanto isso, Heitor chegava à cidade. Foi imediatamente rodeado pelas mulheres e pelas filhas dos troianos que combatiam, querendo saber noticias de seus maridos, filhos e irmãos. Heitor aconselhou-as a que orassem aos deuses sem cessar, para que protegessem os seres que amavam. Seguiu depois para o magnífico palácio de Príamo, onde encontrou Hécuba, sua mãe, que lhe dirigiu estas palavras:

— Meu filho, porque deixaste os perigos da guerra para aqui vir? Os gregos levam-nos de vencida e vieste oferecer sacrifícios a Júpiter? Espera um instante, que vou trazer-te um pouco de vinho que of errarás ao pai dos deuses e aos outros imortais. Depois, é preciso que tomes também um pouco desse vinho para te reconfortares, pois muito cansado deves estar de tanto combater.

Mas o grande e valoroso Heitor respondeu:

— Não, minha mãe, não me ofereças do teu excelente vinho. Receio que me tire as forças e a coragem. Além disso, não ouso oferecer sacrifícios a Júpiter com as mãos manchadas de sangue e de lama. Mas vai tu ao templo de Minerva e deposita-lhe sobre os joelhos o mais belo véu que houver no palácio e promete-lhe doze bezerros de um ano, se ela se apiedar da cidade, das nossas mulheres e dos nossos filhos, e afastar de nós o filho de Tideu, o mais terrível dos lanceiros gregos. Eu irei ter com Páris e instarei com ele para que retorne ao combate. Porque é que a terra não se abre e não o devora, a ele, o causador dos nossos males, que depois de tudo ainda se acobarda perante o perigo!

Quando acabou de falar, a rainha Hécuba mandou convocar todas as matronas da cidade, foi até ao seu quarto onde tinha os véus guardados e, agarrando no maior e no mais formoso de todos devido aos seus maravilhosos bordados, pôs-se a caminho do templo. Ali chegada, fez como Heitor tinha mandado e, depois, suplicante, orou à filha do grande Júpiter:

— Ó Minerva divina, protectora desta cidade, quebrai a lança de Diomedes e fazei com que ele caia de rosto para o chão diante das portas de Tróia. Prometemos ofertar-vos doze bezerros de um ano, caso vos compadeçais da cidade, das mulheres dos troianos e dos seus filhos.





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