Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 27: XXVII Pág. 381 / 519

A sua lealdade obriga-o a dizê-lo francamente, se assim o pensa. E eu atrevo-me a exigi-lo da sua lealdade.

- Eu apenas cumpri a missão de que me encarregaram, mas não aconselho - balbuciou Jorge.

- O Sr. Jorge é demasiado sincero na sua amizade a meu pai para aceitar essa missão de um homem de quem receasse que me podia vir a infelicidade. Quero acreditá-lo.

Jorge irritou-se; irritou-se contra si, por a turbação que sentia, e contra Berta, por suspeitar que era o amor a Maurício que lhe estava ditando aquelas palavras; por isso respondeu com o tom irónico do costume:

- Não duvido afirmar que Clemente é um excelente rapaz, que pode fazer feliz qualquer mulher que não aspira a mais do que à estima leal e sincera de um homem de bem. Vejo em Clemente garantias de que dará a uma esposa de ideias razoáveis aquela felicidade que consiste na paz doméstica e no amor da família. Mas eu não sei se isto satisfará a toda a gente. Aí está que as educações modernas fazem às vezes o espírito das mulheres mais exigente e habituam-nas a sonhar com umas certas poesias na vida, que um homem como Clemente sem dúvida não pode realizar. A essas agrada às vezes mais qualquer estouvado com a cabeça cheia de loucuras e o coração vazio, mas que tenha a brilhante qualidade de saber dizer falsidades em bonitas palavras.

Depois, reprimindo esta excepcional vivacidade, que estava espantando Tomé, acrescentou:

- Se, como creio, Berta não está neste caso, parece-me que encontrará em Clemente um marido leal.

Estas palavras pronunciou-as Jorge em tom sumido e baixando de novo o olhar para o livro, que não lia.

Tomé voltou à fala:

- Sabes que mais, Berta? estas coisas querem-se pensadas. Tu darás a resposta quando quiseres, que a pressa não é muita.





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