E, assim falando, foi sentar-se afastado dos outros, todo entregue à sua dor. Ulisses, Nestor e o velho Fénix vieram ter com ele, tentando distraí-lo daquela obsessão. Mas Aquiles esquivou-se, dizendo:
— Prefiro ficar só. Antigamente, quando me preparava para alguma batalha, era o próprio Pátroclo que preparava a minha refeição e comíamos e bebíamos juntos, antes de irmos enfrentar o inimigo. Agora ele jaz ali, morto. Acham que eu poderia comer e beber sozinho?
Colocou as mãos sobre o rosto e mais uma vez invocou o amigo desaparecido:
— Ó Pátroclo, nenhum homem jamais teve amigo melhor que tu. Nunca sentirei desgosto tão profundo quanto este que sinto agora, nem que eu viva para receber de Ftia a noticia da morte de meu pai, nem que me venham de Ciro avisar que o meu filho está morto. Conheço e aceitei o meu destino de não sair de Tróia vivo. Mas pensava que tu voltarias a Ftia para contar a meu pai a minha morte e irias buscar o pequeno Neoptólemo a Ciro e acabarias de o criar. Mas isto não mais acontecerá!
E lá do Olimpo, Júpiter, que o observava, apiedou-se dele e disse a Minerva:
— Minha filha, que andas a fazer que não vês o sofrimento daquele excelente guerreiro? Desce imediatamente, vai consolá-lo e dar-lhe forças e alimento divino, que o preserve da fome imperiosa.
Minerva, que não esperava outra coisa, transformou-se num falcão, abriu as asas e baixou como flecha sobre o acampamento grego. Aproximou-se de Aquiles e, sem ser percebida, verteu-lhe no estômago o suave néctar e a deliciosa ambrósia, bebida e alimento dos deuses. E voltou rapidamente para as celestes moradas.