Depois, o morto disse-lhe estas palavras:
— Aquiles, dormes esquecido já do amigo que partiu? Peço-te que me sepultes depressa, para que me seja permitido atravessar o rio e ingressar na reino de Plutão. E providencia para que, na mesma urna em que puseres as minhas Ancas, também as ruas sejam recolhidas, pois não tardarás a seguir -me e é bom que não nos separemos nem depois de mortos.
O decidido Aquiles, ainda em sonhos, respondeu:
— Porque me recomendas todas essas coisas? Prometo que as cumprirei à risca mas agora, visto que não nos tornaremos a ver, abracemo-nos pela última vez.
Dizendo isto, Aquiles estendeu os braços mas nada conseguiu agarrar. A sombra esvaiu-se e ele despertou sobressaltado. A aurora já havia espalhado os seus primeiros clarões no céu e o poderoso Agamémnon mandara acordar toda a gente.
Organizou-se, então, um imenso cortejo. À frente ia Meríones, conduzindo as mulas. Seguiam-se os lenhadores com os seus machados e cordas. Depois de longa caminhada, chegaram às vertentes do Ida, onde começaram a abater as árvores para a fogueira. Aos golpes dos machados, viam-se tombar ao chão os pesados carvalhos. Os lenhadores iam rachando os troncos em pedaços menores e colocando-os nas mulas. Meríones ordenou que depusessem a lenha na praia, no lugar indicado por Aquiles para a construção do túmulo de Pátroclo e do seu próprio.
Feito isto, ordenou Aquiles aos mirmidões que vestissem as suas armaduras e atrelassem os carros. Em seguida, organizou o cortejo desta maneira: na frente os carros com os seus combatentes, no centro o corpo de Pátroclo transportado pelos seus companheiros e, fechando o cortejo, os milhares de guerreiros que constituíam a infantaria. Ao lado de Pátroclo ia Aquiles, a pé, sustentando-lhe a cabeça.