- Boa noite, Sr. Jorge - disse ela, estendendo-lhe a mão, com uma expressão de voz cheia de cordial franqueza.
Jorge estremeceu àquela vista inesperada, mas, dominando-se, correspondeu ao cumprimento, apertando-lhe a mão.
- Adeus; boa noite, Berta.
- Então o pequeno já dorme? - perguntou Tomé da Póvoa, procurando sondar com a vista a meia claridade do quarto.
- Psiu! - disse a filha, pondo um dedo nos lábios - sossegou por fim. Trouxe-o para o meu quarto, porque não deixava dormir a mãe. Boa noite, meu pai.
E, tomando a mão do lavrador, beijou-a com afecto.
- Deus te faça feliz, minha filha - tornou-lhe este, exultando com a simples acção.
E os dois seguiram, cerrando-se logo atrás deles a porta dos aposentos de Berta e ouvindo-se correr docemente a chave na fechadura.
Jorge, ao ver-se na rua, aspirou com violência o ar fresco da noite, como para libertar-se de uma opressão que o angustiava. Descobriu a fronte e seguiu agitado pelos difíceis caminhos que iam dali até à Casa Mourisca.
- Eu estou doido! - murmurou ele. - Que tenho eu com esta rapariga? Era o que me faltava! que me entrasse na cabeça uma doidice destas! Estou vendo que não é tão fácil ter juízo como supunha. Se isto fosse com Maurício, não admirava! E então uma criança de colégio... provavelmente estouvada... Ora adeus! Veremos se isto me passa dormindo.
Mas, era singular, aquela