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Capítulo 10: X

Página 124
rápida vista, insinuada por entre a porta meia aberta do gabinete castíssimo, em que dormia uma criança à meia luz da lamparina, e aquela gentil figura de mulher, colocada à entrada, com um dedo nos lábios e no rosto um ar de solicitude quase maternal, não se lhe tiraram da ideia. Era como a visão de um paraíso que sonhara.

Quando Maurício, voltando de um baile dado por um proprietário vizinho, entrou no quarto de Jorge, encontrou este, contra o seu costume, sentado próximo da janela, com a cabeça sobre o braço dobrado, que repoisava no peitoril, e tão absorto que quase não deu pela aproximação do irmão.

Maurício parou diante dele admirado, e interpelou-o:

- Que fazes aí?

Jorge sobressaltou-se, e respondeu sorrindo:

- Julgo que dormia.

- Nesse caso farei outra pergunta: que vieste para aí fazer?

- Tinha calor... cansei-me de ler... vim tomar ar. Há um instante.

- Há um instante? Não diz isso aquela luz, que parece de casa mortuária. Nada haveria mais natural do que tudo isso, se fosse com outro; porém em ti é para estranhar a menor irregularidade de hábitos.

- Também eu me estranho. É certo, porém, que esta noite não me sinto disposto para estudar.

- Pois aproveita essas felizes disposições e descansa, descansa. Que diabo! Parece-me que dás à administração de nossa casa mais importância do que ela merece. Afinal de contas sempre é tarefa que o frei Januário fez durante anos. Se soubesses como a noite está agradável! Não esteve de todo má a partida em casa dos Curujães.

- Ah! vens de lá? - inquiriu Jorge com indiferença.

- Venho, sim. Bastante gente. O Venâncio cada vez mais parvo. A Ana cantando a Norma da maneira que sabemos. A Ermelinda do Nogueiral, com a cabeça cheia de fitas, parecia um navio embandeirado; os pequenos do António Rodrigo estavam perdidos de riso.

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pág. 124 (Capítulo 10)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 124

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515