Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 11: XI

Página 129
»

Esta carta, escrita à vontade e no tom familiar de uma mulher caprichosa, costumada a não se constranger com pessoa alguma, e a ver admitirem-lhe, como naturais, todos os caprichos, não podia ser menos acomodada ao génio sisudo e respeitador de etiquetas que era uma das pronunciadas feições do velho fidalgo.

A maneira por que a sobrinha lhe escrevia, a sem-cerimónia com que parecia rir-se dos seus delicados escrúpulos políticos, era tão subversiva da ordem estabelecida e respeitada nos usos tradicionais da família, que D. Luís escandalizou-se.

Jorge compreendeu, à primeira leitura, qual o efeito que esta carta deveria ter produzido no ânimo do pai, mas procurou dissimular.

- Uma vez que ela vem, esperemos - disse em tom indiferente. - De viva voz trata-se melhor destes negócios.

- Que hei-de eu tratar com uma doida destas? Tomara que ela me deixasse sossegado!

- São maneiras de Gabriela, mas nem por isso deixará de olhar com serenidade por este assunto.

- São maneiras?... Tudo tem limites. Isto não é carta que uma rapariga escreva a um velho, que é seu tio.

E D. Luís, ao dizer isto, pegava na carta por uma ponta e arremessava-a sobre a mesa, como se fora um objecto que lhe inspirasse repulsão.

- Costumes do tempo - aventurou timidamente Jorge.

- Bons costumes! Pois, embora ela o diga zombando, não transijo com eles, não, senhora; nem filho meu, enquanto quiser que eu por filho o tenha, há-de transigir também.

- Esperemos, até que ela venha.

- Já sei de que nada servirá a conferência. Essa porta podes considerá-la fechada.

Jorge, depois de mais algumas tentativas para acalmar a irritação paterna, voltou para o quarto, intimamente satisfeito com a carta da baronesa, em cujo auxílio confiava para vencer as relutâncias do velho.

<< Página Anterior

pág. 129 (Capítulo 11)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 129

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515