Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 11: XI Pág. 130 / 519

Aumentaram-lhe ainda mais as esperanças quando leu um lacónico bilhete em que a prima lhe respondia também, assegurando-lhe que viria breve e que trabalharia com empenho no sentido que ele lhe indicara.

Meia hora depois, dava Jorge a novidade a Maurício, que encontrou descendo as escadas com elegante e caprichoso traje de cavalgar e cantarolando despreocupado:

Dai-me uma casa na aldeia,

Casa rústica, isolada,

Que mostre por entre verdes

A sua frente caiada.

- Esse desejo vem fora de propósito - disse Jorge, sorrindo -, porque justamente hoje chegou a carta que esperávamos de Gabriela.

- Ah! chegou! E então? - interrogou Maurício um pouco sobressaltado.

- Promete vir aqui. Pede uma conferência para breve, na qual se discutirão as bases da reforma.

- Ai, ela vem cá? Visto isso, adiada toda e qualquer resolução a meu respeito?

- Até que ela chegue.

- Ora ainda bem!

- Estimas?

- É que hoje qualquer ordem de partida encontrava-me pouco de ânimo para deixar a aldeia.

E continuou a cantar:

Donde se eleve às trindades

Um fumozinho cinzento,

Que se dissipe nos ares

Ao menor sopro do vento.

- Olá! Como se desenvolveu assim em ti esse apego às coisas rústicas? - perguntou Jorge com ironia.

- Que queres tu? Caprichos!

- Caprichos!!! Mas é que não estamos em caso de os ter. Ai, Maurício, receio que dês em mau homem de negócios, se a conferência decidir que o deves ser - continuou Jorge no mesmo tom.

- A Gabriela terá o bom senso necessário para propor outra solução ao problema da minha vida. Creio...

E Maurício desceu as escadas, exclamando alegremente:

- Adeus, adeus, que eu vou ver quem tu sabes.

Jorge contraiu a fronte ao escutar-lhe as palavras com que se despediu,





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