Aumentaram-lhe ainda mais as esperanças quando leu um lacónico bilhete em que a prima lhe respondia também, assegurando-lhe que viria breve e que trabalharia com empenho no sentido que ele lhe indicara.
Meia hora depois, dava Jorge a novidade a Maurício, que encontrou descendo as escadas com elegante e caprichoso traje de cavalgar e cantarolando despreocupado:
Dai-me uma casa na aldeia,
Casa rústica, isolada,
Que mostre por entre verdes
A sua frente caiada.
- Esse desejo vem fora de propósito - disse Jorge, sorrindo -, porque justamente hoje chegou a carta que esperávamos de Gabriela.
- Ah! chegou! E então? - interrogou Maurício um pouco sobressaltado.
- Promete vir aqui. Pede uma conferência para breve, na qual se discutirão as bases da reforma.
- Ai, ela vem cá? Visto isso, adiada toda e qualquer resolução a meu respeito?
- Até que ela chegue.
- Ora ainda bem!
- Estimas?
- É que hoje qualquer ordem de partida encontrava-me pouco de ânimo para deixar a aldeia.
E continuou a cantar:
Donde se eleve às trindades
Um fumozinho cinzento,
Que se dissipe nos ares
Ao menor sopro do vento.
- Olá! Como se desenvolveu assim em ti esse apego às coisas rústicas? - perguntou Jorge com ironia.
- Que queres tu? Caprichos!
- Caprichos!!! Mas é que não estamos em caso de os ter. Ai, Maurício, receio que dês em mau homem de negócios, se a conferência decidir que o deves ser - continuou Jorge no mesmo tom.
- A Gabriela terá o bom senso necessário para propor outra solução ao problema da minha vida. Creio...
E Maurício desceu as escadas, exclamando alegremente:
- Adeus, adeus, que eu vou ver quem tu sabes.
Jorge contraiu a fronte ao escutar-lhe as palavras com que se despediu,