Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 15: XV

Página 195
Ordeno-te silêncio em nome de alguns restos de honra que ainda te deixassem intacta as companhias devassas que frequentas.

- Que é lá isso, priminho, que é lá isso? - acudiram imediatamente os dois manos.

Jorge não se intimidou.

- Não me assustam as suas ameaças. Sei agora o que significa esta espionagem e aquelas gargalhadas cínicas e alvares de há pouco. Cabe-lhes bem o papel degradante que desempenham aqui, e nem é de estranhar o conceito que formam das intenções dos outros, de que julgam pelas suas. O que lamento é ver-te associado a esta empresa, Maurício, porque, faço justiça ao teu carácter, deve repugnar-te intimamente o passo que deste.

- Em vez de sermões, priminho, não acha que seria melhor explicar-nos o que veio fazer a horas mortas a esta casa?

- Não sinto a necessidade de explicar as minhas acções diante de tais juízes. Pouco me importa a estima em que têm a minha reputação os senhores do Cruzeiro. Resignar-se-ão portanto a prescindirem das explicações que pedem.

Os dois riram-se maliciosamente. Jorge prosseguiu:

- Entendo esse riso. Conheço-os. Sei que depois da espionagem se segue a calúnia; mas o meu desprezo é muito grande para transigir. Caluniem.

- Ora essa! Nós sabemos guardar um segredo. Sossega.

- Sei qual é o alimento com que se nutre a sua ociosidade. Não importa. À vontade, meus senhores, têm a estrada livre e contem que não serei eu que os estorve naquela que costumam seguir, porque não a frequento.

Dizendo isto deu alguns passos para se afastar; depois, voltando-se para Maurício:

- Repara que já desceste o primeiro degrau da infâmia; espiaste; agora vê se desces o segundo, caluniando. Há naquela casa uma família tranquila e respeitada, ajuda agora esta gente a manchá-la de lama, ajuda; o insulto é fácil para quem não precisa de se abaixar muito para a apanhar.

<< Página Anterior

pág. 195 (Capítulo 15)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 195

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515