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Capítulo 17: XVII

Página 229
a este homem, sorriam-me as esperanças de poder dizer um dia às cinzas dos nossos antepassados, que eu também respeito, que repousassem em paz na sepultura, pois não viriam estranhos disseminá-las; e à memória querida de minha mãe e de minha irmã que os que elas amaram não desertariam cobardemente dos lugares que lhes eram caros e que as viram morrer. Mas contra o generoso auxílio deste homem havia velhos preconceitos de família mais apaixonados do que justos; era-me pois impossível recorrer a ele abertamente. Entre as prevenções e a glória de minha casa não hesitei porém. A consciência dizia-me que não devia hesitar. Resolvi acolher o oferecimento leal, mas tive de ocultar na sombra da noite actos que não se envergonhariam da mais clara luz do dia. Quando precisava do conselho experiente desse homem, procurava-o de noite e clandestinamente. Os difamadores, que correm nas trevas à procura de alimento para a calúnia, surpreenderam-me. Medindo as acções dos outros pela sua capacidade moral, supõem-lhes sempre um motivo infame. O homem de quem lhes falei tem uma filha. No que há de mais puro e mais sensível nas famílias, é aí que a calúnia gosta de ferir. Essa pobre menina foi pois a vítima escolhida. Agora, se querem saber o nome do homem honrado, a quem devo experiência, crédito e capital, dir-lhes-ei que se chama Tomé da Póvoa, a filha é Berta, a afilhada de meu pai; os caluniadores são esses que propõem o brinde, lançando no cálice a peçonha da sua natureza de víbora; mas brinde que eu de novo secundo sem receio nem hesitação.

- E eu - exclamou a baronesa, imitando-o; mas por ninguém mais foi seguida, porque uma nova ocorrência veio absorver as atenções.

D. Luís que revelara a mais profunda estranheza desde o princípio da cena provocada pelo fidalgo do Cruzeiro, crescera em agitação à medida que as palavras de Jorge iam tendo para ele um sentido mais claro.

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pág. 229 (Capítulo 17)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 229

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515