Percebendo que em Maurício não estavam ainda extintas também as memórias do passado, e que ainda os seus sentimentos presentes recebiam dele luz e calor, Berta assustou-se, desconfiou de si, e mais do que nunca procurou precaver-se, fugindo à influência do que se temia, mas cedendo a ela sem querer.
Seguiram-se, porém as cenas que sabemos: e o íris que rodeava Maurício aos olhos de Berta dissipou-se como um verdadeiro íris em tardes húmidas de Inverno.
O ideal de Berta não era somente belo, era generoso e impecável, e Maurício não atingia tão alto. O instinto do coração denunciou a Berta o segredo do carácter de Maurício; não havia depravação nele, somente leviandade e inconstância; mas já era bastante para o desprestigiar. Nem leviano, nem inconstante era o Maurício que sonhara. Pelo contrário, de dia para dia lhe aparecia mais na sua verdadeira luz o carácter de Jorge, desse rapaz honesto, generoso, grave, respeitado por todos.