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Capítulo 20: XX

Página 279
Quando, depois de algumas pesquisas, Jorge, guiado por o som de vozes e por um ruído de sachos e de enxadas, conseguiu avistar o fazendeiro, não pôde reter um sorriso de estranheza e de simpatia, que o espectáculo que via lhe provocava.

E tão grato efeito parecia produzir-lhe esse espectáculo, que, sem ter querido interrompê-lo com a sua presença, continuou por algum tempo observando-o.

Efectivamente, para quem soubesse a verdadeira significação dos actos em que Tomé estava empenhado naquele momento, não seria para estranhar o sorriso de Jorge, nem a sua expressão dúplice de simpatia e de espanto.

Tomé não havia meditado no plano para a vingança que jurara contra o fidalgo. Ansiava por principiar a pô-la em prática, e encetou-a sem método nem sistema. Intimou os criados para que o acompanhassem, sem que tivesse ainda pensado no que lhes mandaria fazer.

Chegados que foram à quinta, fixou-se na primeira avenida à entrada, e aí principiou a azáfama, arrancando as ervas inúteis, decepando ramos mortos, varrendo as folhas caídas, amparando os arbustos derrubados sobre o caminho, desassombrando as plantas afrontadas e à míngua de sol, enxugando e nivelando os passeios alagados, e desobstruindo os encanamentos de rega. A rua ficou que era um primor.

No momento em que Jorge o avistou, limpavam os criados o limo depositado em um tanque, enquanto Tomé, suando, tentava erguer sobre o pedestal a estátua de pedra de não sei que divindade pagã, que havia muitos anos repoisava em leito de malvas e ortigas, coberta de líquenes esverdeados.

- É dia de festa por cá, à balbúrdia que estou vendo! - disse Jorge, adiantando-se enfim, e aparecendo aos olhos do fazendeiro, que se voltou precipitado ao ouvir-lhe a voz. - Quem visse dizia que passa por aqui procissão em que nós somos mordomos.

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pág. 279 (Capítulo 20)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 279

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515