Este caminhou para a janela, distraidamente. E, passeando a vista por os campos, perguntou, sem ainda olhar para Berta:
- Não sabe se o pai tardará muito?
- Eu... julgo que sim... Mas talvez minha mãe o possa informar melhor.
A propósito chegava Luísa para dar informações precisas e para fazer cessar o constrangimento daquele diálogo, cuja prolongação seria um martírio para ambos.
- Ah! Sr. Jorge, Sr. Jorge, - exclamou Luísa logo que o viu - ainda bem que veio, e pena é que não viesse meia hora mais cedo.
- Então era cá tão necessária a minha presença?
- Ora se era! Eu ponho as mãos numas horas se, estando cá o Sr. Jorge, se metia aquela cisma na cabeça do meu Tomé.
- Que cisma é essa de que fala?
- Pois então não sabe para o que havia de dar àquele homem de Cristo?
- Não sei, não.
- Ó Berta, então tu não disseste ao Sr. Jorge para onde teu pai foi?
- Eu... eu ignorava...
- Ora adeus! Se eu não tenho falado de outra coisa desde que saiu! Ignorava! Vocês sempre têm coisas! Pois o meu Tomé está a estas horas na Casa Mourisca.
- A fazer o quê?
- Isso só ele sabe e Deus. Mal almoçou foi para lá com três criados. Diz ele que, já que o fidalgo teima em lhe pôr as chaves em casa e que todo se espinhou por ele lhe querer ser prestável, vai fazer o bem que puder a sua família, e melhorar a quinta e a Casa Mourisca, e que, ainda que tenha de empenhar os seus teres e os dos filhos, se há-de vingar do fidalgo, fazendo-lhe todo o bem que estiver na sua mão. E tirem-lhe lá isso da cabeça!
- É uma alma generosa a de Tomé, mas eu o dissuadirei dessa vingança, que viria transtornar os meus planos e tirar-me a glória, a que aspiro, de trabalhar por minhas próprias mãos nessa obra de restauração.
- Eu não o disse? «Tomé, tu não faças nada sem falares com o Sr.