Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 21: XXI Pág. 293 / 519

Este caminhou para a janela, distraidamente. E, passeando a vista por os campos, perguntou, sem ainda olhar para Berta:

- Não sabe se o pai tardará muito?

- Eu... julgo que sim... Mas talvez minha mãe o possa informar melhor.

A propósito chegava Luísa para dar informações precisas e para fazer cessar o constrangimento daquele diálogo, cuja prolongação seria um martírio para ambos.

- Ah! Sr. Jorge, Sr. Jorge, - exclamou Luísa logo que o viu - ainda bem que veio, e pena é que não viesse meia hora mais cedo.

- Então era cá tão necessária a minha presença?

- Ora se era! Eu ponho as mãos numas horas se, estando cá o Sr. Jorge, se metia aquela cisma na cabeça do meu Tomé.

- Que cisma é essa de que fala?

- Pois então não sabe para o que havia de dar àquele homem de Cristo?

- Não sei, não.

- Ó Berta, então tu não disseste ao Sr. Jorge para onde teu pai foi?

- Eu... eu ignorava...

- Ora adeus! Se eu não tenho falado de outra coisa desde que saiu! Ignorava! Vocês sempre têm coisas! Pois o meu Tomé está a estas horas na Casa Mourisca.

- A fazer o quê?

- Isso só ele sabe e Deus. Mal almoçou foi para lá com três criados. Diz ele que, já que o fidalgo teima em lhe pôr as chaves em casa e que todo se espinhou por ele lhe querer ser prestável, vai fazer o bem que puder a sua família, e melhorar a quinta e a Casa Mourisca, e que, ainda que tenha de empenhar os seus teres e os dos filhos, se há-de vingar do fidalgo, fazendo-lhe todo o bem que estiver na sua mão. E tirem-lhe lá isso da cabeça!

- É uma alma generosa a de Tomé, mas eu o dissuadirei dessa vingança, que viria transtornar os meus planos e tirar-me a glória, a que aspiro, de trabalhar por minhas próprias mãos nessa obra de restauração.

- Eu não o disse? «Tomé, tu não faças nada sem falares com o Sr.





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