- Obrigado, Sr.ª Luísa.
- Obrigado porquê? Ó filho, não, a minha boca não é para gabar quem não o merece. Mas, diga-me cá, que rapaz há aí que faça o que o menino faz? Que na sua idade, em que enfim todos sabemos que o que se quer é brincar, olha como um homem por a sua casa, como nem muitos velhos sabem. E depois, ó Sr. Jorge, sempre lhe digo que ainda há bem poucos dias estes olhos choravam bastantes lágrimas por sua causa.
- Por minha causa?! Pois eu fi-la chorar, Sr.ª Luísa?
- Oh! não foi por mal que me fizesse, foi porque enfim... há certas acções que bolem cá dentro com uma pessoa e... quando me contaram o que se passou em sua casa, com aqueles vadios de seus primos, e em que o menino...
- Oh! não falemos nisso, Sr.ª Luísa, que não vale a pena.
- Se não vale!... Olhe que não fui eu só que chorei. E Berta?
- Ah! sinto deveras ter sido motivo de um desgosto para Berta - disse Jorge no tom de que habitualmente usava falando dela.
Berta não pôde responder.
- Desgosto? - acudiu Luísa. - Ora essa! Antes ela deve agradecer-lhe; e querem ver que ainda o não fizeste Berta?
A confusão de Berta aumentou com esta arguição da mãe.