Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 21: XXI Pág. 294 / 519

Jorge.» Mas qual! Bem lhe importava ele com que eu lhe pregava! É um bom-serás o meu Tomé. Em vinte anos de casada, nunca me deu um desgosto. Pode haver maridos tão bons como ele, melhores não posso crer que haja. Devo dizer o que é verdade. Mas lá de quando em quando, em se lhe metendo umas cismas na cabeça! adeus, minhas encomendas! já se lhe não dá volta. Só o Sr. Jorge. Ele lá ao Sr. Jorge ainda cede. E o que ele lhe não fizer, escusam de vir aí os poderes do mundo, que nada fazem. Lá o Sr. Jorge! credo! Isso basta ouvi-lo falar em si. Ora, não é agora por estar presente, mas razão tem ele para fazer o que faz.

- Obrigado, Sr.ª Luísa.

- Obrigado porquê? Ó filho, não, a minha boca não é para gabar quem não o merece. Mas, diga-me cá, que rapaz há aí que faça o que o menino faz? Que na sua idade, em que enfim todos sabemos que o que se quer é brincar, olha como um homem por a sua casa, como nem muitos velhos sabem. E depois, ó Sr. Jorge, sempre lhe digo que ainda há bem poucos dias estes olhos choravam bastantes lágrimas por sua causa.

- Por minha causa?! Pois eu fi-la chorar, Sr.ª Luísa?

- Oh! não foi por mal que me fizesse, foi porque enfim... há certas acções que bolem cá dentro com uma pessoa e... quando me contaram o que se passou em sua casa, com aqueles vadios de seus primos, e em que o menino...

- Oh! não falemos nisso, Sr.ª Luísa, que não vale a pena.

- Se não vale!... Olhe que não fui eu só que chorei. E Berta?

- Ah! sinto deveras ter sido motivo de um desgosto para Berta - disse Jorge no tom de que habitualmente usava falando dela.

Berta não pôde responder.

- Desgosto? - acudiu Luísa. - Ora essa! Antes ela deve agradecer-lhe; e querem ver que ainda o não fizeste Berta?

A confusão de Berta aumentou com esta arguição da mãe.





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